PCP critica Portugal pela falta de iniciativas contra bombardeamentos israelitas
Eurodeputado comunista diz que UE e Governo português "têm as mãos manchadas de sangue".
O eurodeputado comunista português integra a delegação de 13 deputados do Grupo da Esquerda Unitária do Parlamento Europeu que visita Israel e a Palestina, e que foi impedida de entrar em Gaza pelas autoridades de Telavive.
"Pela observação directa deste drama, o que é preciso é alertar a opinião pública internacional e acima de tudo condenar os governos da União Europeia e, em particular, o Governo português que acaba por ser conivente com esta realidade e que acaba por ter, também aqui, as mãos manchadas de sangue porque, de facto, a União Europeia não foi capaz de emitir uma declaração de condenação que inequivocamente teria sido a sua obrigação e condenar o ataque pelas tropas de Israel", disse Miguel Viegas, que visitou hoje um hospital em Jerusalém onde se encontram internadas várias vítimas dos bombardeamentos israelitas, incluindo crianças.
"Contactamos com famílias destroçadas. Uma família, em particular, em que uma criança de três anos com meia perna amputada tem os pais hospitalizados, também com pernas amputadas", relatou o eurodeputado.
Miguel Veiga disse ainda que "aquilo que Israel está neste momento a fazer é boicotar as negociações" e a continuar a política de ocupação dos terrenos que, por direito, pertencem à Palestina.
"Nós estamos neste momento em Belém, por acaso estamos mesmo na Capela da Natividade, e em Belém está prevista a instalação de mais um colonato à revelia de todas as normas internacionais e que deve ser condenada pela União Europeia", sublinhou o parlamentar europeu.
A visita da delegação do Parlamento Europeu vai prolongar-se até domingo sendo que, após a deslocação, podem vir a ser tomadas várias iniciativas contra Israel, incluindo, segundo Miguel Viegas, propostas de boicotes económicos e de venda de armas, assim como condenações políticas que podem vir a ser subscritas por outros deputados".
"Gaza não pode ser visto como mais um episódio. Aquilo a que a população mundial assistiu é da maior gravidade e ao nível dos piores horrores que se viveram na Segunda Guerra Mundial. Se algum de nós tinha dúvidas acerca da gravidade desta agressão, hoje fica com elas completamente desfeitas", concluiu o eurodeputado do PCP, referindo-se ao contacto estabelecido pela delegação com as vítimas dos bombardeamentos.
A delegação do Grupo da Esquerda Unitária do Parlamento Europeu vai encontrar-se ainda autoridades religiosas, com os membros do Conselho Legislativo Palestiniano, em Ramallah, e com deputados do Parlamento de Israel em Telavive, entre outras entidades.
Da delegação parlamentar faz parte ainda a eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, que disse à Lusa na quinta-feira que considera "hipócrita e revoltante" a decisão de Israel que impediu os membros do Parlamento Europeu de entrarem na Faixa de Gaza.