PCP chama Portas ao Parlamento por causa do avião do Presidente da Bolívia
António Filipe diz que "o país não pode fechar" apesar da crise governativa e quer saber quem assume as responsabilidades do incidente diplomático.
“O grupo parlamentar do PCP vai desencadear o seu mecanismo potestativo para exigir que o ministro dos Negócios Estrangeiros compareça o mais urgentemente possível na comissão de Negócios Estrangeiros”, afirmou o deputado comunista António Filipe, no Parlamento.
O também vice-presidente da Assembleia da República argumentou que “o país não pode fechar” apesar da crise governativa e que “é dever” do Parlamento “actuar de imediato e portanto que o ministro Paulo Portas compareça com a maior urgência possível”.
“Portugal tem de ter ministro dos Negócios Estrangeiros, alguém tem de responder pela política externa portuguesa e tanto quanto sabemos o pedido de demissão do ministro de Negócios estrangeiros não foi aceite, ele não foi exonerado e portanto está em funções e tem de assumir as suas responsabilidades”, afirmou, depois de questionado pelos jornalistas se espera que ainda seja Portas a comparecer na audição.
O deputado do PCP considerou que “este incidente tem uma imensa gravidade” e “está a ter uma repercussão enorme nas relações entre os países envolvidos, concretamente Portugal e toda a América Latina”.
“Houve uma posição unânime dos presidentes da República da América Latina sobre esta matéria, está convocada uma reunião da UNASUR, a organização dos Estados sul-americanos também irá tomar posição e foi anunciada a apresentação de uma queixa contra Portugal, designadamente na comissão de direitos humanos das Nações Unidas”, assinalou.
António Filipe alertou que “este acto contra um país amigo”, uma “agressão insólita”, é “susceptível de comprometer todas as relações de Portugal com a América Latina” e que “as próprias cimeiras ibero-americanas podem ser postas em causa”, além de “repercussões no âmbito da CPLP”.
“É uma decisão de gravidade extrema e nós entendemos que, tendo em conta o insólito comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que aludia a razões técnicas sem explicar quais são, entendemos que a Assembleia da República não pode deixar de exigir do Governo português um esclarecimento total sobre este caso”, vincou.
Para o parlamentar comunista, tem de haver “um apuramento total de responsabilidades por este facto que é tão prejudicial para a imagem de Portugal no plano externo e para as relações exteriores do Estado português”.