Passos diz que pensionistas "estão a receber mais do que descontaram"

Primeiro-ministro afirma que algumas pensões “não correspondem ao valor dos descontos que essas pessoas fizeram”.

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Passos foi recebido por protestos em Borba Daniel Rocha

Pedro Passos Coelho defendeu esta teoria duas vezes, em locais diferentes. Primeiro, de manhã, em Penela, onde visitou um hotel, depois ao início da tarde, em Ourém, no discurso de encerramento do XXII congresso da Juventude Social-Democrata.

“Queixam-se de lhes estarmos a pedir um esforço muito grande e dizem que estão apenas a receber o que descontaram” ao longo da sua vida de trabalho”, afirmou o primeiro-ministro, para a seguir contrariar tal teoria. “Não é verdade. Descontaram para ter reformas, mas não aquelas reformas” que hoje recebem, vincou o chefe do Governo.

Estão, na verdade, realçou ainda, “a receber mais do que descontaram”. E as suas reformas são pagas por quem está hoje a trabalhar e que, quando chegar a sua vez de ser pensionista, terá reformas mais baixas do que os níveis de hoje. Os contribuintes de hoje terão reformas de acordo com a sua carreira contributiva."

Por isso, é “justo que aqueles que não descontaram na proporção que estão a receber e que têm pensões muito elevadas” sejam chamados a fazer um “contributo especial” numa altura de “dificuldades” como a actual. Apesar de nunca mencionar o assunto, Passos Coelho dava uma resposta indirecta ao facto de o Presidente da República tencionar enviar para o Tribunal Constitucional, pedindo a fiscalização sucessiva do Orçamento do Estado por causa de normas como a da tributação especial das reformas. Cavaco Silva irá, no entanto, promulgar o documento.

Perante os “jotas” do PSD, o primeiro-ministro voltou a falar no assunto, argumentando com a necessidade de fazer uma redistribuição equitativa – dos recursos e dos sacrifícios.

“Por que é que 87% dos pensionistas não foram afectados” pelos cortes nas pensões, perguntou Pedro Passos Coelho. “Porque têm pensões inferiores a 600 euros, muitos deles fora do regime contributivo, quer dizer, nunca descontaram e têm que ser o Estado e os contribuintes de hoje a poder dar-lhes o mínimo para poderem viver com o mínimo de dignidade”, apontou o primeiro-ministro. Uma “responsabilidade intergeracional “ que é “indispensável na reforma do Estado. O que está em causa é gastar menos e gastar melhor”, acrescentou.

“Mas há 5% dos pensionistas, que são mais de metade do regime público, que recebem em média muito mais do que o dobro e na sua maioria não descontaram na proporção do que recebem hoje”, criticou o primeiro-ministro perguntando: “É isto justo? Querem encontrar na Constituição uma desculpa para perpetuar esta injustiça?”

Mais: “Onde estavam essas personalidades tão preocupadas com as suas pensões quando o sistema mostrou esta iniquidade e desigualdade que fere a sensibilidade social?” Passos Coelho defendeu depois a necessidade de um “Estado mais justo que redistribua melhor não a pobreza mas a riqueza que o país é capaz de criar”.

 

Notícia substituída e actualizada às 19h55. Trocada notícia da agência Lusa por notícia do PÚBLICO.
 
 
 

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