Passos contraria PS e defende reforma do Estado
Primeiro-ministro condenou “o medo infundado” de que a reforma do Estado afecta a coesão social.
“Quero afastar alguns preconceitos, falsos argumentos ou medos infundados baseados na ideia de que existe uma intenção subversiva de natureza ideológica contra o Estado social. Nada mais absurdo”, disse Passos Coelho, no encerramento da conferência Pensar o Futuro, que decorreu no Palácio Foz, em Lisboa. O recado destinava-se sobretudo à esquerda, embora em nenhum momento Passos Coelho se tivesse referido a qualquer partido.
O primeiro-ministro rebateu ainda o argumento utilizado pelo PS de que a reforma do Estado seria “desnecessária, se o Governo tivesse sido competente na execução orçamental”. O PS ainda esta quarta-feira deu esta mesma justificação para se recusar a participar numa comissão parlamentar para debater o assunto. “Falso argumento”, afirmou Passos Coelho, defendendo que a redução permanente da despesa se impõe pela necessidade de “aliviar a carga fiscal e reduzir a dívida pública”.
Por último, o primeiro-ministro condenou “o medo infundado” de que a reforma do Estado afecta a coesão social, tendo em conta que a despesa pública reflecte uma forte componente de despesa social e de emprego público. “A dívida acumulada nos últimos anos constitui uma obrigação do Estado e é precisamente em nome da coesão social que se impõe reformar o Estado”, sustentou.
Colocando como meta a redução da dívida pública para o rácio de 60% - o que assumiu demorar “muitos anos” -, Passos Coelho insistiu na receita do equilíbrio das finanças públicas para permitir “crescimento sustentável”. Uma receita de optimismo. “De certa forma estamos condenados a ser bem sucedidos no processo de reforma. Gostaria que fosse a imagem de marca deste Governo a que presido e deveria ser [a] dos governos dos próximos 20 anos”, afirmou.
Quando Passos Coelho saiu do Palácio Foz, algumas dezenas de feirantes que protestavam por lhes ter sido negada a entrada na conferência entoaram o hino nacional.