Passos Coelho: políticos que não cumprem promessas "recebem porcaria de volta dos cidadãos"
"Se lhes transmitirmos credibilidade os portugueses compreendem, se lhes falarmos sem verdade e com falta de respeito, eles compreendem que estamos a ser batoteiros e em Portugal já temos um Estado batoteiro", afirmou. O dirigente partidário falava no Bom Jesus de Braga sobre "Jovens e Política" durante uma conferência organizada pela JSD local, uma espécie de "universidade de verão" para os militantes.
Pedro Passos Coelho considerou que, na política portuguesa, tem de acabar a situação de os poderes públicos darem emprego aos amigos em vez de optarem pela qualidade técnicas daqueles que escolhem para os cargos. Abordando um recente estudo encomendado pelo Presidente da República, Cavaco Silva, sobre a participação dos jovens na política, Passos Coelho disse que os dados revelados sobre o afastamento dos jovens "não são diferentes dos de Espanha, França ou mesmo de quase todo o mundo ocidental".
O social-democrata disse que "é preciso atacar as causas" desse afastamento, entre as quais destacou o facto de, muitas vezes, ainda se "confundir rituais democráticos e democracia". "Vemos isso acontecer em países de África ou da Ásia, mas, mesmo em democracias ocidentais, há, por vezes, mais ritual do que democracia", acentuou.
Poder pelo poder não interessaEm consequência dessa constatação, Passos Coelho sublinhou que muitos jovens pensam que "votam mas o resultado é sempre o mesmo", o que os leva a afastarem-se das urnas e dos partidos ou movimentos políticos. "Não interessa chegar ao poder apenas pelo poder, mas sim indicar ao eleitorado o que se vai fazer, dentro de paradigmas satisfatórios e cumprir", reforçou. Passos Coelho considerou ser necessário "cultivar o gosto pelas novas soluções", apontando o caso dos problemas ligados ao estado social, para dizer que, quando se candidatou às eleições directas no partido, "não encontrou ninguém no PSD que fosse especialista na matéria".
"Precisamos de ter grupos de reflexão sobre a problemática social e há muita gente social-democrata que sabe pensar o problema, e o mesmo acontece na área das relações internacionais, quer no que toca à Europa quer noutras áreas", defendeu. O social-democrata disse ser fundamental que as pessoas, em vez de se habituarem a depender do Estado, pensem no que podem fazer para seu bem e da sociedade: "Porque não se propõe aos manifestantes desempregados que criem uma empresa, eventualmente com outros colegas, em vez de andarem em manifestações?", perguntou.