Passos Coelho critica quem cria “falsas ilusões de que está tudo resolvido”
Recado do líder do PSD ao PS também atinge Paulo Portas, que na quinta-feira disse que o país já começou a recuperação económica.
Passos Coelho, que falava na Malveira (Mafra) num jantar de apoio à candidatura de Hélder Sousa Silva pelo PSD, acredita que “não há nenhum português” que não saiba que foi a “irresponsabilidade” com que se governou no passado que levou Portugal a esta situação de crise.
“Há uns anos os políticos faziam de conta que estavam a resolver os problemas”, disse. “Estes anos todos muitas pessoas se foram convencendo que o país era rico e que os nossos rendimentos iam ser duradouros.” Mas o que aconteceu, acrescentou, foi que o país foi “contraindo dívida” e que “hoje” não há “ outra forma de a pagar” que não seja com o “esforço e sacrifício” dos portugueses.
“A conta aparece muito depois da irresponsabilidade”, afirmou, acrescentando que o Governo está a fazer “o que é preciso para que o país vença as dificuldades”.
Acusou ainda quem cria “falsas ilusões de que tudo está resolvido e que vai ser “um mar de rosas”, salientando que essas rosas “deixaram muitos espinhos do passado”.
As alusões às rosas são um recado para os governos socialistas de José Sócrates. Mas também podem ser lidas com um alerta que vem aclamar os ânimos de Paulo Portas que na quinta-feira à noite disse que a economia portuguesa “já saiu do fundo e está a começar a subir a escada” da recuperação. O líder do CDS-PP disse ainda que a questão é saber agora a que ritmo vai a economia crescer de forma a garantir riqueza e emprego.
País "não pode passar por uma crise política" novamente
“Aquilo que estamos a fazer hoje tem um grau de dificuldade que as pessoas compreendem”, afirmou Passos Coelho, reiterando que, embora o caminho que está a ser seguido não seja fácil, é um caminho que “não pode ser abandonado”. E salientou que o país não pode passar por uma crise política que possa conduzir “à instabilidade e a eleições” – como ia acontecendo na sequência do pedido de demissão de Paulo Portas, há dois meses e meio.
“O Governo está determinado em seguir o seu caminho e mesmo nesta fase, em que estamos a negociar os próximos meses e os próximos anos do nosso país com os nossos credores oficiais, nós não abandonamos Portugal”, disse.
Passos Coelho foi a Mafra apoiar Hélder Sousa Silva, deputado na Assembleia da República, que se candidata à autarquia governada há quase três décadas por José Ministro dos Santos, do PSD, impedido de se recandidatar devido à lei da limitação de mandatos. O autarca, que não esteve no jantar, apoia esta lista, mas é conhecido que preferia como sucessor José Bizarro, candidato à assembleia municipal.
Uma das propostas de Sousa Silva passa por desenvolver esforços junto da Administração Central para a construção da segunda fase da requalificação do porto de pesca da Ericeira, “com vista a ampliar o leque de actividades e serviços náuticos”. Outra passa por articular com a Administração Central e juntas de freguesia a limpeza e despoluição das bacias hidrográficas e das linhas de água. Fomentar o emparcelamento agrícola e apoiar as actividades relacionadas com a pesca são outras medidas.
O candidato pretende também criar um cartão família, que facilite o acesso das famílias aos espaços desportivos, culturais e recreativos do município. No que toca à educação, tem como objectivos apoiar actividades extra-escolares para os mais jovens, promover bolsas de estudo, em especial nos ensinos profissional e superior, e incentivar a criação de bancos de material escolar, desportivo e musical, nas escolas e colectividades, a fim de permitir a reutilização por diferentes alunos. Dinamizar iniciativas que promovam as relações de vizinhança e estimular a solidariedade através da criação de bancos de voluntariado são outras das medidas.
Na corrida à Câmara Municipal de Mafra candidatam-se ainda Elísio Summavielle (PS), o independente Sérgio Mota, Rogério Costa (CDU), e Alves Pardal (CDS/MPT/PPM).