Passos recandidata-se a primeiro-ministro com agenda reformista até 2020
O único candidato a líder do PSD até agora vai a eleições directas no próximo dia 25. O congresso realizar-se-á em Lisboa entre 21 e 23 de Fevereiro.
A poucos meses de fechar um ciclo de emergência e de se iniciar um novo ciclo, Passos Coelho apresentou-se como candidato a líder do PSD e a chefe de Governo. "Estas eleições acontecem a meio do processo e, por isso, não se estranhará que me candidate", disse, acrescentando que vai "disputar as próximas eleições legislativas como candidato a primeiro-ministro".
“Estamos a fechar um ciclo do programa e vamos abrir um outro em que as reformas vão prosseguir, mas vamos ter mais espaço para falar delas. Não porque não tenham sido feitas, mas porque o debate sobre a austeridade capta a atenção de toda a gente”, afirmou actual líder do PSD, perante uma sala cheia de militantes, num hotel em Lisboa.
“A agenda de modernização do país não cabe numa legislatura. Disse-o imediatamente a seguir a ganhar as eleições de 2011. Precisamos de corrigir injustiças profundas”, disse Passos Coelho, sublinhando a necessidade de “aproveitar bem" os recursos do país. O líder do PSD definiu a missão que pretende desenvolver: “Fechar o período de emergência e passar para modelo assente na qualificação dos nossos recursos, na lógica de investimento reprodutivo, em que o Estado facilite a vida, mas não facilite em preservar as boas contas e os bons investimentos”. E numa referência directa aos fundos 2014-2020, Passos Coelho detalhou que vão ser geridos por uma entidade que irá avaliar a importância de um investimento não para uma determinada câmara municipal, mas para uma região e para o país.
No seu discurso optimista, Passos Coelho deixou ainda a garantia de que Portugal não está a caminhar para o segundo resgate e que deverá fechar o programa de assistência financeira a 17 de Maio. “Não, não estamos a encaminhar para um segundo regate. Não, não estamos a falhar a expectativa dos portugueses de vencer esta crise, não estamos a ficcionar perspectivas de futuro. Aos poucos, o país percebe que estamos a recuperar”, sustentou, apesar de não ver o dia 17 de Maio como “um dia mágico” por causa do rácio da dívida que ainda é “elevado”.
Passos Coelho deixou ainda críticas ao discurso de António José Seguro, no qual este defendeu que a meta do défice podia resvalar para 4,2% para acomodar o chumbo do Tribunal Constitucional sobre os cortes nas pensões. E rejeitou que os ataques do PS sobre a agenda do Governo “contra os pensionistas e funcionários públicos”, já que no memorando inicial estavam previstos cortes de rendimentos nos dois sectores. “O PS se hoje estivesse a governar faria tudo ao contrário a cada dia que passa”.
Passos Coelho entrou na sala ao som do hino do PSD, acompanhado do director de campanha, Pedro do Ó Ramos, e do mandatário, Fernando Ruas. Na primeira fila estavam três ministros – Miguel Macedo, Marques Guedes e Miguel Poiares Maduro –, mas também o líder parlamentar, Luís Montenegro, e a vice-presidente Teresa Leal Coelho.
Como candidato às directas do PSD, marcadas para 25 de Janeiro (o Congresso está marcado para Fevereiro), Passos Coelho vai fazer sessões de esclarecimento, apesar da “agenda muito preenchida”. “Não vai conseguir a ir a todos os distritos, mas vai a muitos”, assegurou Pedro do Ó Ramos, definindo a campanha como “discreta”, mas “que se pretende eficiente”. O director não poupou nos elogios: “Tem sido um excelente presidente do partido e mais do que isso tem conseguido reformar o país e isso é uma marca muito importante”. O mandatário, por seu turno, elogiou a “determinação” e a “capacidade de trabalho” do primeiro-ministro.
Os contactos com militantes não poderão ser todos abertos à comunicação social, adiantou Passos Coelho, justificando o exercício de funções governativas. E foram para os militantes as suas últimas palavras do discurso da noite: “Peço desculpa por não ter tanto tempo para falarmos e para conversar”.