Passos avisa que contribuintes não podem pagar pelos erros dos bancos
Primeiro-ministro diz que é preciso que "a democracia chegue à economia" e critica empresas "que olham mais aos amigos".
“Cada vez mais os bancos olham ao mérito dos projectos e aqueles que não olham pagam um preço por isso. As empresas que olham mais aos amigos do que à competência pagam um preço por isso, mas esse preço não pode ser imposto à sociedade como um todo e muito menos aos contribuintes”, afirmou o líder do PSD nas comemorações dos 40 anos da Juventude Social Democrata.
Sem nunca se referir à turbulência que rodeia o BES, o primeiro-ministro avisou que “aqueles que têm problemas, não porque Portugal está a passar tempos difíceis mas porque decidiram mal, deram crédito a quem não deviam, trabalharam com quem não era competente, esses têm que resolver os seus problemas”.
Num recado ainda mais directo, afirmou que se Portugal quer “que a democracia chegue à nossa economia e que haja verdadeiras oportunidades para todos, então não deveria contar ser filho de A ou de B quando se trata de bater à porta do banco para obter o empréstimo”. “Ou quando queremos ter maior proximidade ao poder para que os nossos negócios possam estar mais na preocupação de certas elites”, defendeu.
Na opinião do primeiro-ministro, “o país está verdadeiramente a mudar, naquele sentido em que não pode voltar para trás porque há coisas que quando nós conquistamos já não as largamos”.
“Durante muitos anos, ouvimos um país clamar pela intervenção do Estado para resolver o problema das empresas, para no fundo manter os privilégios que existiam do passado. Nós estamos a conseguir ao longo destes anos mostrar que conseguimos fazer mesmo diferente”, assegurou.
Dirigindo-se aos jovens na assistência, Passos Coelho admitiu que “ao longo destes anos muitos jovens portugueses não têm encontrado em Portugal lugar para se realizar”. Apesar de admitir que muitos continuam a sentir essa dificuldade, diz que o Governo está a trabalhar para construir uma sociedade que “trará muito mais oportunidades para todos eles”, com “um equilíbrio de responsabilidade intergeracional mais elevado do que aquele que existiu no passado”.
O seu objectivo, assegura, nunca foi “colocar gerações contra gerações”, mas sublinha que o país terá de “conseguir gerar muita riqueza nos próximos anos para conseguir equilibrar mais estes dois pratos da balança, para que aqueles que têm no futuro de pagar o preço da irresponsabilidade do passado não fiquem esmagados pela consequência das decisões erradas que se tomaram no passado”.