Pacheco Pereira diz que Cavaco desvalorizou a política e a democracia
Comentador social-democrata afirmou que o Presidente pediu consenso, mas acabou com a sua posição de intermediário com o PS.
No programa Quadratura do Círculo na SICN, Pacheco Pereira considerou a intervenção do Presidente da República “um erro político” e que pode levar a pensar que a crise política é “muito mais grave” do que se pensa.
Afirmando que as palavras de Cavaco causaram uma confrontação no Parlamento que não é habitual num discurso de um Presidente da República, o historiador disse que um chefe de Estado fez um discurso contra o PS num tom muito forte.
Este facto, “corta qualquer posição de intermediário” de Cavaco Silva em relação ao PS, depois de ter pedido o consenso e de se gabar em público e em privado de conversar com os socialistas para obter entendimentos com o Governo.
“[Cavaco Silva] Perdeu capacidades de ser instrumento de consenso”, acrescentou o habitual apoiante do Presidente.
O social-democrata também não gostou de ver Cavaco desvalorizar as eleições, dizendo aos portugueses que “estão condenados a viver assim” com eleições ou sem eleições.
“Um Presidente não se pode pronunciar contra eleições”, afirmou.
Pacheco Pereira falou ainda numa “desintegração do Governo”, dando como exemplo declarações recentes do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que afirmou que houve quem abrisse garrafas de champagne quando um seu secretário de Estado foi afastado na remodelação governamental.
Estas declarações do ministro levam, segundo Pacheco, a pensar que houve “mecanismos de interesses” que levaram à demissão do seu primeiro secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes. O social-democrata citou mesmo António Mexia, presidente da EDP, como sendo o lado dos interesses.
Ferreira Leite vê críticas ao PSD
Já Manuela Ferreira Leite, na TVI24, considerou que o discurso de Cavaco não foi contra o PS, desvalorizou mesmo eventuais críticas aos socialistas, e diz que o Presidente também criticou o Governo.
Para a antiga presidente do PSD a conhecida cavaquista, os apelos ao consenso tanto se dirigiam a António José Seguro como ao Governo de Passos Coelho que, até agora, não tinha grande interesse em fazer acordos com os socialistas.