O PSD e o futuro

O ano de 2015 é de eleições legislativas. E a evolução da situação política nacional veio relançar a possibilidade de o PSD ganhar estas eleições. Mas em democracia nada é certo, pelo que existe também a possibilidade de o PSD regressar à oposição. 

A sucessão começa já a perfilar-se no horizonte. Diversos potenciais candidatos fizeram já saber oficiosamente que estão na corrida; uns pertencendo à linha oficial do partido, outros aguardando uma decisão de Rui Rio sobre o seu futuro político. Em todo o caso, avizinha-se uma fase de alguma turbulência no PSD, tendo mesmo sido sugerido que o actual presidente deveria permanecer no cargo caso perdesse as eleições. 

Num ambiente que será fortemente competitivo uma coisa é certa. Se o PSD quiser contribuir para a estabilidade da sociedade portuguesa – quer na oposição quer, eventualmente, num governo de bloco central – a liderança deve ser forte, credível e inquestionável. E, independentemente do perfil do candidato, essa legitimidade só será alcançada através da realização de eleições primárias. De facto, após o PS ter realizado em setembro passado este tipo de eleição para escolher o candidato a primeiro-ministro (e quase por inerência o secretário-geral) qualquer outro método de eleição do presidente do PSD estaria votado ao fracasso. É óbvio que, actualmente, os estatutos não prevêem essa plausibilidade, mas seria do mais elementar bom senso efectuar os ajustamentos necessários para que o PSD não ficasse do lado errado da história. 

Caso o PSD passe à oposição não necessita de um “meio líder”, mas sim de um presidente de corpo inteiro legitimado por uma votação massiva de muito portugueses que ainda acreditam na política e nos políticos. Ou seja, de milhares de simpatizantes para além dos militantes, que continuarão a ter sempre um lugar de destaque no interior desta família política.

Subsidiariamente, este método permitiria que a liderança fosse mais estável, ao contrário do historial do PSD nos períodos de oposição. A credibilização e a legitimidade decorrentes de uma eleição primária envolvendo todas as pessoas que se quisessem associar, para além dos militantes, impediria obviamente o tacticismo de alguns e permitiria uma maior estabilidade na oposição, com vantagens óbvias na formação de políticas alternativas com rigor técnico e abrangência política.

Com primárias no horizonte, então sim, um vasto leque de potenciais candidatos pode e deve perfilar-se, desde o atual presidente, à ministra das Finanças ou a qualquer militante que cumpra com os requisitos estatutários. Assim seria mais fácil ao cidadão comum apreciar a verdadeira dimensão daqueles que legitimamente têm a expectativa de contribuir para mudar Portugal.

Professor catedrático, coordenador do Fórum Democracia e Sociedade

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