Novos ministros tomam posse hoje
O ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros Diogo Freitas do Amaral deixou o Governo na sexta-feira passada, alegando motivos de saúde, sendo substituído por Luís Amado, até agora titular da pasta da Defesa.
Para o lugar de Luís Amado o primeiro-ministro escolheu Nuno Severiano Teixeira, que entra pela segunda vez num Governo do PS, depois de ter sido ministro da Administração Interna no segundo Executivo de António Guterres (2000-2002).
Quanto às mudanças nas secretarias de Estado, entra apenas um novo governante, João Mira Gomes, para a Defesa Nacional e Assuntos do Mar, lugar deixado vago por Manuel Lobo Antunes, que transita com o ministro Luís Amado e vai assumir a pasta dos Assuntos Europeus, de onde saiu Fernando Neves.
Nas outras duas secretarias do Ministério dos Negócios Estrangeiros mantêm-se António Braga (Comunidades) e João Gomes Cravinho (Negócios Estrangeiros e Cooperação).
Na primeira remodelação do actual Governo socialista, José Sócrates substitui Campos e Cunha por Fernando Teixeira Santos no cargo de ministro de Estado e das Finanças - o quarto lugar da hierarquia do Governo.
Numa nota oficial divulgada na sexta-feira, o primeiro-ministro sublinha as razões de saúde inerentes à demissão de Freitas do Amaral e destaca o "extraordinário contributo que, com toda a sua experiência e prestígio internacional", o fundador do CDS-PP "deu ao Governo e aos interesses nacionais na condução da política externa portuguesa".
No mesmo dia, o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Carneiro Jacinto, revelou que Freitas do Amaral será operado hoje a uma lesão na coluna cervical que o impede de viajar de avião nos próximos meses.
O porta-voz sublinhou que Freitas do Amaral, 64 anos, não se demitiu por divergências políticas de qualquer espécie, que "não existiram nem existem".
Direita saúda demissão, esquerda teme mudanças negativasEm reacção às mudanças no Executivo, o secretário-geral do PSD, Miguel Macedo, afirmou que José Sócrates "acordou tarde para o problema" dos Negócios Estrangeiros no seu Governo e, como tal, "prejudicou o país", porque "diminuiu a capacidade de afirmação de Portugal".
Igualmente dura para com o Executivo socialista foi a reacção do CDS-PP, por intermédio do seu líder parlamentar, Nuno Melo, que já tinha pedido a demissão de Freitas do Amaral em várias ocasiões: "Respeitamos os motivos invocados e desejamos sinceramente que o dr. Freitas do Amaral se restabeleça rapidamente, mas esta era politicamente uma decisão anunciada".
Por parte do PCP, o secretário-geral, Jerónimo de Sousa, considerou que a remodelação poderá abrir a porta a uma mudança negativa na política externa, representando "um maior alinhamento com posições contrárias ao direito internacional".
Tal como o PCP, também o coordenador da Comissão Política do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, considerou que a escolha de Luís Amado para as pastas de Estado e dos Negócios Estrangeiros, em substituição de Freitas do Amaral, agrada à direita.
Já o líder parlamentar do PS, Alberto Martins, elogiou a forma como Freitas do Amaral assumiu as funções de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, sublinhando que os socialistas, o Governo e o Estado português lhe devem "um grande reconhecimento".
Em entrevista recente ao jornal "Expresso", Freitas do Amaral afirmara que as funções de ministro dos Negócios Estrangeiros, com as frequentes viagens a que era obrigado, o deixavam cansado.
Freitas do Amaral esteve várias vezes envolvido em polémica, sobretudo quando, no início deste ano, considerou "compreensível" a reacção dos radicais islâmicos face à publicação de caricaturas do profeta Maomé.