Moçambique pede a Portugal que invista mais
Cavaco Silva defendeu, perante Armando Guebuz,a a negociação com a Renamo como único caminho para a paz.
“Portugal pode fazer ainda um bocadinho mais”, declarou o dirigente moçambicano após um encontro de uma hora, no Palácio de Belém, em Lisboa, com o seu homólogo Aníbal Cavaco Silva.
“Apesar da crise da Europa, beneficiando da vossa experiência e dos recursos das vossas empresas, Portugal pode fazer ainda um bocadinho mais”, disse Guebuza. O Presidente de Moçambique não destacou, apenas, as excelentes relações políticas e diplomáticas, materializadas em Março do ano passado na realização, em Maputo, da segunda cimeira luso-moçambicana.
“É fundamental reforçar na área da cooperação económica e dos investimentos, como contribuição de Portugal para acelerar o processo de bem-estar dos moçambicanos”, salientou. E, de uma forma sucinta, salientou que as empresas podem criar empregos o que gera impostos, reforça a capacidade orçamental do Estado e favorece as populações.
Armando Guebuza não ficou, no entanto, por este nível de cooperação. Defendeu o papel de Lisboa na área social, nos capítulos da formação e, fundamentalmente, da Saúde. Aliás, neste mesmo sentido se pronunciou Cavaco Silva. O Presidente da República não ignorou que as relações económicas têm experimentado um forte aumento e que as empresas portuguesas querem investir e criar emprego em Moçambique. “Essas perspectivas criam novas oportunidades de negócios entre as empresas dos dois países”, assinalou, referindo a via das parcerias.
No entanto, Cavaco apontou outras formas de cooperação, para além do domínio económico. Referiu-se, concretamente, à cultura, à comunicação social, fazendo notar os projectos das universidades dos dois países na promoção da língua portuguesa. “Portugal preside ao G19, organização de dadores de Moçambique, e faremos o que estiver ao nosso alcance para melhorar as condições de vida da população moçambicana”, referiu.
Ainda no âmbito multilateral, o Presidente da República congratulou-se com a presidência moçambicana da CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] que termina em 23 de Julho, na cimeira de Dili, com a passagem do testemunho a Timor-Leste. “Não vivemos isolados, estamos na CPLP e nas organizações multilaterais, continuaremos a trabalhar na CPLP e agradecemos o apoio de Portugal à nossa presidência”, respondeu Guebuza.
A situação interna em Moçambique foi também tema abordado no encontro desta manhã dos dois presidentes, ao qual estiveram presentes os chefes de ambas as diplomacias e respectivos embaixadores em Maputo e Lisboa. “Esperemos que seja alcançada a paz e a conciliação política em Moçambique”, assinalou Cavaco Silva. Para quem a negociação com a Renamo “é o melhor caminho para o progresso de Moçambique.”
“Não gostamos dos ataques às populações, mas sabemos que a solução deve ser encontrada na mesa do diálogo”, disse Armando Guebuza. “O dia virá em que a outra parte (a Renamo) compreenderá e virá sentar-se à mesa”, anteviu.
Por fim, quer Cavaco quer Guebuza congratularam-se com os resultados das recentes eleições na Guiné- Bissau. “Foram um sucesso, é fundamental que a CPLP apoie os novos dirigentes e as reformas na defesa, segurança, justiça e do ponto de vista económico”, considerou o Presidente da República. “Festejamos com a cautela necessária, mas a vitória eleitoral legitimou o Governo que existe”, destacou o líder moçambicano. “Estasos com Portugal, a CPLP e a própria União Africana na ajuda que for necessária”, concluiu.