Ministro diz que Passos foi "vítima de erros" da Segurança Social
Mota Soares defende chefe do Governo lembrando que a dívida foi paga, mesmo sem ter de ser.
Abordado à porta de um hotel do Porto, onde decorria uma sessão das jornadas para o desenvolvimento do PSD e do CDS/PP, nem por um momento, Pedro Mota Soares, colocou em causa a idoneidade no líder do Governo, Pedro Passos Coelho.
“O doutor Pedro Passos Coelho já fez um esclarecimento, que é um esclarecimento factual e claro sobre esta situação, por isso mesmo a única coisa que queria dizer era o seguinte: percebemos que há muitos anos, há cerca de 10 anos, 107 mil portugueses foram vítimas da própria administração” da Segurança Social, declarou. “Sinto que os cidadãos não devem ser penalizados por erros da administração, parece-me que foi isso que aconteceu neste caso.”
Quando os jornalistas lhe recordaram que existia de facto uma dívida de milhares de euros de contribuições não pagas entre 1999 e 2004, o ministro tornou a escudar-se: “Houve muitos [contribuintes] que não foram sequer notificados. Foi um conjunto de erros que aconteceram muito antes da entrada em funções deste governo. O que eu acho é que nenhum cidadão deve ser penalizado por erros da administração.”
Confrontado com o facto de Passos Coelho ter tido conhecimento da dívida em 2012, já como chefe do Governo, e mesmo assim optou por não a pagar, Mota Soares comentou: “Relembro que não havia obrigação de pagar dívidas que estão prescritas e mesmo assim optou por pagar, o que é aliás um facto positivo.”
Também o ministro da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco, desvalorizou o caso. “O primeiro-ministro já fez as referências a esse propósito, era a ele que competia responder e eu não tenho mais nada a acrescentar”, afirmou Aguiar-Branco, em Aveiro, à margem do encontro “Jornadas do Investimento”. “O que importa é que [Pedro Passos Coelho] respondeu e respondeu em relação aos problemas que lhe são colocados”, acrescentou para vincar que, “pelo contrário”, o líder do PS “quis dizer que era assunto encerrado a questão relativamente à declaração que fez do país estar melhor”.
Quando questionado pelo PÚBLICO sobre como se sente ao integrar um Executivo cujo líder não cumpriu a sua situação contributiva, o ministro da Defesa escusou a proferir mais comentários sobre o caso, declarando “sentir-se muito bem em fazer parte de um governo que alterou uma situação de pré-bancarrota para uma situação em que se está a discutir se a taxa de crescimento é maior ou menor”.