Miguel Macedo explica que oficial de ligação em Paris se insere no projecto do G4
Ministro da Administração Interna justifica ida de ex-director nacional da PSP para Paris, onde vai ganhar três vezes mais.
Miguel Macedo, que falava na Figueira da Foz à margem da cerimónia do 131.º aniversário da associação humanitária dos bombeiros voluntários locais, adiantou ainda que Paulo Gomes, que se demitiu após a manifestação das forças de segurança junto ao Parlamento, a 21 de Novembro, possui as qualificações necessárias para exercer o cargo.
O Diário de Notícias avançou sábado que Miguel Macedo nomeou Paulo Valente Gomes para oficial de ligação do Ministério da Administração Interna na embaixada portuguesa em Paris, um posto que terá sido criado propositadamente e que tem uma remuneração superior a 12 mil euros mensais, o triplo do salário que o ex-director nacional da PSP recebia como tal.
"Nós estamos naquilo a que chamamosm em termos de segurança no G4 com a França, Espanha, Portugal e Marrocos, num acordo que, desde há vários anos, vem intensificando a cooperação em prol da segurança do país", explicou hoje o governante.
Salientando que a França já possui oficiais de ligação em Portugal há "bastante tempo", Miguel Macedo disse que Portugal "ainda não tinha a reciprocidade em Paris e, portanto, não foi o ministro da Administração Interna que inventou um lugar em Paris".
Questionado sobre se a nomeação de Paulo Gomes poderia ser encarada como uma promoção, o governante referiu que o ex-director nacional da PSP "tem todas as qualificações para desempenhar um cargo com esta exigência". "Tem, de resto, experiência anterior em relação a esta matéria", frisou o ministro.
Miguel Macedo anunciou ainda que o Governo vai também nomear um oficial de ligação para Marrocos, "naquilo que foi acertado na última cimeira que se fez em Marrocos".
"Como estamos a ponderar a designação de mais dois oficiais de ligação no quadro daquilo que é o diálogo 5+5, que une parceiros de uma margem e de outra do Mediterrâneo", revelou.
Nesse quadro, o governante disse que o seu ministério pondera a designação de um oficial para a Argélia, "que faz parte deste diálogo 5+5" e onde, acrescentou, existem muitos portugueses, empresas portuguesas e "relações de segurança que é importante estreitar e aprofundar".
O ministro da Administração Interna fez votos que "não se faça mais conversa em torno" deste assunto, manifestando esperança em que a posição assumida sábado pelo deputado socialista Marcos Perestrello "não seja a posição do PS" sobre a matéria.
Em declarações à Lusa no sábado, Marcos Perestrello adiantou que o PS irá exigir esclarecimentos sobre as condições que rodearam esta nomeação para um cargo "que não existia até hoje".