Menezes acredita em vitória “folgada” no Porto mas pede empenho máximo
Comício encheu o Teatro Sá da Bandeira de bandeiras azuis e brancas, as cores da candidatura.
Mas o candidato repetiu por várias vezes o apelo para que todos se empenhem no último dia de campanha, esta sexta-feira, e para que, no domingo, não deixem ninguém ficar em casa.
“Não sou daqueles que nunca se enganam e tenho muitas dúvidas, mas nunca me enganei no sentimento que tive nas ruas”, disse Menezes no discurso de quase uma hora em que o PSD não foi mencionado.
O ex-autarca de Gaia disse conhecer os portuenses e argumentou, arrancando aplausos: “Os portuenses não são mentirosos e, quando me dizem ‘eu sou socialista e vou votar em si’, ‘eu sou comunista e vou votar em si’, ‘eu sou centrista e vou votar em si, apesar de o meu partido me indicar outro candidato’ ou ‘eu não voto há muitos anos mas vou votar em si’, eles não me estão a mentir”.
O “outro candidato” referido por Menezes é o independente Rui Moreira, que conta com o apoio do CDS e que apareceu na sondagem da Universidade Católica para a RTP/Antena 1 desta quinta-feira com três pontos de vantagem sobre Menezes e como vencedor das eleições.
Os resultados apontavam, contudo, para um empate técnico, com 17% de indecisos a poderem ainda dar a vitória a Menezes, Moreira ou ao socialista Manuel Pizarro. E Menezes frisa que também há outra sondagem que lhe é favorável.
No Porto, aparentemente, a vitória será disputada até ao último voto e foi consciente disso que Menezes não se cansou de apelar aos seus apoiantes: “Os que aqui estão têm de militar fortemente nas próximas 72 horas e, no domingo, esteja trovoada, chuva, haja um tufão, temos de levar os portuenses a votar, a cumprir o seu dever cívico. É preciso ir buscar os idosos a casa, motivar as pessoas dos bairros sociais, falar com as vossas famílias”.
Num discurso em que os maiores aplausos foram para a avaliação política que Menezes fez da campanha, o candidato acusou os seus adversários de não terem querido “discutir ideias”, de tentarem “vencer na secretaria”, ao tentar impedi-lo de concorrer por causa da lei de limitação de mandatos, e de terem inundado a campanha eleitoral de “fait-divers a tocarem as raízes do escândalo” [o líder da concelhia do PSD, Ricardo Almeida, que falou antes de Menezes, falou mesmo em “terrorismo politico”].
Motivos que, disse, contribuirão para que “a vitória no domingo seja muito saborosa”.
Quase no fim da campanha, o candidato não esqueceu o actual presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, que lhe negou o apoio e garantiu que não votaria nele, sendo conhecida a sua proximidade a Rui Moreira.
“Nunca ninguém me dirá que o meu partido esteve em luta e eu não. Eu nunca traí o meu partido e nunca pus de lado o apoio ao meu partido. E nunca apelei subrepticiamente a que se votasse noutro candidato. Nunca o fiz, nunca o farei.”
Com o ministro e cabeça de lista à Assembleia Municipal, José Pedro Aguiar-Branco, na plateia, Menezes repetiu alguns dos seus projectos-chave – como a recuperação do Bolhão e dos jardins do Palácio de Cristal – e disse querer um Porto “que vai de Coimbra às Astúrias”, mas com a ambição de o levar “até Fátima”, para captar o “turismo religioso”.
Ambição e criatividade foram duas promessas deixadas pelo candidato, em mais uma achega às críticas de Rui Rio à sua gestão em Gaia. “Queremos boas contas, mas elas não podem ser desculpa para manter a miséria nos bairros”, disse.
Esta sexta-feira, Menezes vai andar pela Boavista, de manhã, pela Baixa, à tarde, e pelo Bairro de Aldoar ao final do dia, para um último comício-festa. À noite, promete uma caravana “de entupir a cidade toda”. Aos apoiantes, deixou uma mensagem final: “Não tenham medo. Vamos ganhar”.