Marques Mendes: "Andaram a negociar para o boneco"
Comentador e conselheiro de Estado classifica as negociações como exercício de hipocrisia política.
"Foi um exercício de hipocrisia política. Andaram a fazer de conta que negociavam mas andaram a negociar para o boneco, sobretudo o PS", argumentou Marques Mendes, neste sábado à noite, no seu tempo de comentário que mantém semanalmente no canal SIC.
Para justificar a conclusão, o antigo líder "laranja" invoca o que se sabe através dos documentos divulgados pelo PS e pelo PSD após o falhanço das negociações e que, segundo a leitura dele, mostram que "a maioria aceitou várias propostas, como as eleições antecipadas" ou a renegociação do memorando em alguns pontos, mas pelo contrário, "o PS nem disfarçou, não fez nenhum esforço de convergência".
Por isso, continuou Marques Mendes, razão tinha Manuel Alegre, histórico do PS que, no início da semana havia garantido numa entrevista ao jornal i que Seguro lhe tinha garantido que não faria cedências para obter um acordo. Conclusão de Mendes: "foi mau para o país", uma "oportunidade perdida", uma "estalada" porque "as pessoas queriam um entendimento". Segunda conclusão de Mendes: "Temos falta de políticos com qualidade e com coragem."
Marques Mendes também distriubuiu críticas ao Presidente Cavaco Silçva que, apesar de ter tomado a iniciativa "louvável, mas arriscada e quase impossível" de propor um compromisso, desvalorizou, de forma até "amadora", algusn factos: o momento da negociação; a forte oposição interna que Seguro tem no PS; o risco que haverá de Seguro perder a liderança socialista para António Costa.
Tudo isto, diz Marques Mendes, a somar à posição de históricos do PS como Manuel Alegre e Mário Soares – que vieram a público defender que o PS não aceitasse acordos –amarraram Seguro que, em face disto, "preferiu o PS ao país", frisa.
Tendo em conta o desfecho anunciado na sexta-feira à noite, Mendes considera que Cavaco "perdeu estatuto e margem de manobra".
Quanto ao que se pode esperar da comunicação do Presidente da República agendada para as 20h30 de domingo, Mendes só vislumbra duas alternativas – dissolução do parlamento e eleições antecipadas ainda este ano ou manutenção do actual Governo. O conselheiro de Estado acredita na segunda hipótese, destacando que o próprio Presidente disse, a 10 de JUlho, que considerava uma má hipótese haver eleições antecipadas em 2013.