Maria de Belém pergunta "se queremos um sistema de saúde igual ao dos países nórdicos ou assim-assim"
Presidente do PS alerta para o risco de pobreza das crianças e defende negociação como "economistas visitantes".
“Queremos um sistema de saúde que nos proporcione indicadores mais próximos do dos países nórdicos ou se queremos um sistema de saúde assim-assim?”, perguntou, sublinhando que apesar dos “progressos enormes”, o “alargamento da pobreza, a fome e a incapacidade de as pessoa se relacionarem com as comunidades em que se inserem pode ter um impacto destruidor numa vitória esforçada que nós fomos conseguindo, apesar do pesadissimo lastro que temos em relação às determinantes da saúde”.
Ao discursar no terceiro e último painel sobre saúde no âmbito das Jornadas Parlamentares do PS que encerram em Viseu, esta terça-feira, Maria de Belém apontou o facto de Portugal não ter uma “má esperança de vida à nascença no contexto da União Europeia”, mas considerou que “se analisarmos mais detalhadamente este indicador, temos uma esperança de vida saudável a partir dos 65 anos” muito inferior à dos suecos, por exemplo. “A nossa esperança de vida saudável a partir dos 65 anos é de 5,4/anos, enquanto os suecos obtêm 14,6/ de vida de perspectiva de saúde no resto dos anos que lhes restam viver”, comparou.
"Este nosso indicador é o pior de todos os países que estão em assistência financeira”, referiu a deputada, que fez uma longa exposição sobre o sistemas de saúde e os riscos que existem a nível do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Nas sua intervenção, a presidente do PS revelou depois que “o risco de pobreza das crianças em Portugal é 23% superior ao dos idosos que é de 20%” e evidenciou que este indicador “determina pertubações permanentes na memória funcional, o que significa que vamos ter lesões irrecuperáveis naquilo que é a nossa capacidade de aprendizagem”. E perguntou: “Que futuro teremos se as nossas crianças não forem capazes de aprender em condições por causa do peso da pobreza? Onde está a linha do que queremos? Queremos piorar? Queremos hipotecar o nosso futuro irremediavelmente?”, questionou, prosseguindo: “Se continuarmos a insistir no discurso e na prática do 'vamos cortar e depois vamos ver o que acontece', aquilo que pode acontecer e que está na cara que não pode ser de outra maneira é absolutamente inadmissível e inaceitável”.
Daí, Maria de Belém partiu para deixar uma sugestão: “É preciso saber negociar com os economistas visitantes o impacto social das medidas financeiras que pretendem impôr-nos e para isso é preciso discutir com eles, é preciso conhecer o país”
“Cada cada vez temos mais académicos e pessoas com graus académicos conseguidos a nivel da decisão, mas também nem sempre os graus académicos significam maior conhecimento, maior sensibilidade e maior conhecimento sobre a realidade do país”, criticou a presidente do PS.