Maria de Belém colecciona novos apoios dentro do PS

Deputados e actuais e antigos dirigentes socialistas declararam apoio à candidatura à Presidência da República da ex-ministra da Saúde no mesmo dia em que esta confirmou decisão de avançar.

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Enric Vives-Rubio

António Costa manteve-se impassível enquanto reconhecia a “estima” pela agora candidata e fazia uma crítica implícita ao momento escolhido, ao realçar que a "mensagem que deu hoje [esta segunda-feira] ao estar presente na entrega das candidaturas foi essa: que a prioridade agora é a vitória do PS nas legislativas".

No entanto, outros dirigentes socialistas não reagiram de forma tão distante à intenção anunciada pela ex-presidente do PS. Ao longo da tarde, foram surgindo sinais de “satisfação” pelo avanço da ex-ministra. As reacções espontâneas contrastavam com as reticências com que as estruturas do partido vêm há meses a adiar uma posição sobre Sampaio da Nóvoa.

João Paulo Pedrosa, ex-líder da distrital socialista de Leiria, reagiu na mesma rede social que Maria de Belém usara para confirmar a candidatura. “Uma candidatura que pela sua amplitude doutrinária e, como é claro, pelo seu envolvimento na campanha das legislativas, acrescentará muitos votos ao PS e à mudança política em Portugal”, escreveu no Facebook.

António Gameiro foi um dos que assumiu “satisfeito” com o anúncio. Uma reacção relevante, dado o cargo de presidente da distrital de Santarém deste socialista. O deputado de pronto se mostrou “disponível para ajudar” na corrida eleitoral de uma “candidatura equilibrada e moderada” que “ocupará um espaço que o PS não poderia deixar de ocupar”.

O também deputado e ex-presidente da distrital de Viseu José Junqueiro congratulou-se igualmente com a candidatura por “contribuir para a valorização de umas eleições [presidenciais] que serão as mais importantes da última década”.

Os apoios não se limitaram à trincheira segurista. O deputado José Lello, que apoiou a candidatura de António Costa contra António José Seguro à liderança do PS, elogiou a decisão e o momento. “Com isto clarificou a situação e permitiu que eventuais especulações deixassem de existir”.

Curiosamente foi esse o argumento utilizado por Maria de Belém para justificar o momento escolhido: “Para evitar especulações e pelo respeito que merecem as muitas pessoas que têm manifestado o seu apoio”, escreveu a socialista no seu comunicado. Eurico Brilhante Dias – ex-membro do secretariado de Seguro – apontou também como causa “os ataques de que vinha sendo alvo”, nomeadamente dos também candidatos da área socialista, Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa.

Para os socialistas contactados, a ligação ao PS era vista como uma vantagem. “Vem do seio do partido”, destacou Gameiro ao PÚBLICO. Por seu turno, Lello assinalou a “grande experiência política e institucional” da agora candidata. A ex-ministra colhia os frutos dos três anos de presidência partidária, que lhe permitiram liderar uma sucessão de congressos e até o processo das primárias com que o PS decidiu a liderança interna. E a verdade é que desde há meses que a candidata se desdobrava em contactos e reuniões socialistas por todo o país.

Isso não impediu, no entanto que surgissem críticas. Vítor Ramalho, apoiante da candidatura de António Sampaio da Nóvoa, antigo deputado socialista e figura próxima do antigo Presidente da República Mário Soares, acusou mesmo a ex-presidente de prejudicar o PS. "Para quem dizia que ia apresentar a candidatura depois das legislativas e ao fazê-lo hoje, dia 17, em que os candidatos do PS pelo círculo de Lisboa foram ao tribunal apresentar a lista para as legislativas, está tudo dito, ou seja, a candidatura de Maria de Belém Roseira foi apresentada ao país hoje para perturbar as próprias legislativas".

Já Sampaio da Nóvoa mostrou outro fair play, afirmando-se "surpreendido” mas “com muito agrado" por ver Maria de Belém entrar na corrida. Pelo meio, assegurou que o avanço da socialista não faria desistir da corrida. "Posso garantir até uma outra coisa, posso garantir que vou ganhar, que esta candidatura tem uma dinâmica de vitória muito forte, tem uma dinâmica de vitória que sinto nas pessoas, no que me têm dito e na maneira como têm estado com esta candidatura, e eu estou absolutamente convicto de que os portugueses querem a partir de 2016 um presidente de um tipo novo e estou convencido de que essa decisão vai recair na escolha da minha candidatura e da minha pessoa como Presidente da República."

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