Marcelo acusa Cavaco de prolongar e agravar a crise
Comentador responsabiliza Presidente da República por reacção negativa dos mercados internacionais.
No seu habitual comentário na TVI, o antigo presidente do PSD considerou a intervenção de Cavaco “uma bomba”, uma “boa ideia em teoria”, mas “estragada na prática”.
É que para Marcelo a intervenção de Cavaco deixou demasiadas interrogações: não explicou o que faz ao Governo que Passos lhe tinha apresentado e o que faz se não houver acordo entre PSD, CDS e PS.
Mais: o comentador considera que o presidente errou ao anunciar eleições para 2014 sem ouvir, como era sua obrigação, todos os partidos e o Conselho de Estado.
Marcelo mostrou-se mesmo surpreendido pelo economista Cavaco Silva não saber que, ao prolongar a crise, os mercados iam reagir negativamente, ao nível do aconteceu quando Paulo Portas se demitiu do executivo.
“Não resolveu a crise e prolongou-a e ao prolongá-la agravou-a”, afirmou.
O Conselheiro de Estado disse que o Presidente quis dar “um rebuçado ao PS” com eleições em 2014 e “um rebuçado ao PSD e CDS” ao mantê-los no poder. Comparou mesmo a decisão de Cavaco à da do Rei Salomão, que quando lhe apareceram duas mulheres a reclamarem uma criança: partiu-a ao meio e deixou as duas mulheres a chorar porque nenhuma ficou com a criança.
Questionado se com a sua intervenção humilhou o Governo, Marcelo preferiu usar o termo “piparote”: “O jarrão tinha sido restaurado, o Presidente deu-lhe um piparote, cairiam uns bocados, o jarrão vai precisar de ser novamente restaurado e agora já vale menos.”
Sobre a possibilidade de haver um acordo entre PSD, CDS e PS, o comentador diz que “há milagres”. “Costumo dizer que já vi tudo menos porcos a andar de bicicleta. Nas últimas duas semanas fartei-me de ver porcos a andar de bicicleta.”
Ainda, assim não dá mais de 10% de hipóteses à existência de um acordo. E se tal não se verificar “a batata quente volta” para Cavaco: “Quem fica entalado em primeira linha é ele, não são os partidos.”
Sobre a imagem que Portugal está a dar no estrangeiro, Marcelo diz que é “a de um país imprevisível”.