Manuela Ferreira Leite: “Sendo Governo riscarei imediatamente o TGV”

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A social-democrata voltou a acusar o primeiro-ministro de mostrar falta de confiança ao recusar um debate público Adriano Miranda (arquivo)

Ferreira Leite disse não ter tido acesso às contas de custo/benefício da rede de alta velocidade, mas alegou que "para que o investimento do TGV fosse rentável era necessário que houvesse um tráfego para Madrid que correspondesse a uma saída de aviões de sete em sete minutos", no caso da linha Lisboa-Madrid.

"Não temos nenhuma empresa em Portugal que produza as componentes e tudo aquilo que vai ser a construção do TGV", salientou.

Interrogada se a sua oposição ao TGV se estende à linha Porto-Vigo, respondeu: "Eu estou a incluir todo aquele processo que implique maior endividamento para o país".

Pedro Santana Lopes "é o melhor candidato do PSD”

Sobre a candidatura de Pedro Santana Lopes à Câmara de Lisboa, a líder do partido reiterou que o ex-dirigente do partido “é o melhor candidato do PSD”. Ainda que admita “divergências políticas” com o deputado, assegurou que ficaram resolvidas nas directas do partido e no congresso, onde Santana Lopes saiu derrotado. Ferreira Leite considerou, ainda, um “acto louvável” que o ex-primeiro-ministro se tenha disponibilizado para ser candidato a uma autarquia e lembrou a grande implicação da decisão: a candidatura a uma câmara é incompatível com a candidatura ao lugar de deputado.

Questionada sobre se a oposição interna do ex-candidato à liderança do partido Pedro Passos Coelho a incomoda respondeu: “Nunca me pode incomodar a actuação de militantes que ajudem a projectar o partido, a mobilizar o partido e a fazer propostas”. A social-democrata garantiu que não são as opiniões divergentes que definem a “unidade do partido” e fez ainda uma alusão aos problemas dos socialistas: “Não temos ninguém a querer formar uma facção para constituir outro partido como está a acontecer no Partido Socialistas” – em referência à participação de Manuel Alegre no Fórum das Esquerdas e das suas aproximações ao Bloco de Esquerda e que mesmo assim não culminaram na demissão do secretário-geral do PS.

Calendário eleitoral

Sobre o calendário eleitoral do próximo ano, a presidente do PSD deixou bem claro que não defende legislativas antecipadas e criticou a posição do primeiro-ministro que “tanto quer maioria absoluta como eleições antecipadas”, não se percebendo se quer “estabilidade ou instabilidade” para o país. Ferreira Leite assegurou, contudo, que o seu partido está preparado para qualquer cenário – como as legislativas e as autárquicas em simultâneo.

A dirigente social-democrata voltou a falar no desafio para um debate público sobre o estado da economia que fez a José Sócrates e que este recusou pela boca do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva. “A minha suspeita é que não está seguro em relação às propostas que está a fazer”, disse. A responsável acusou ainda o chefe de Governo de ter “absoluta consciência de que está a enganar o país”.

A propósito da situação da economia nacional voltou a insistir numa baixa de impostos e lembrou que “é nas pequenas e médias empresas que está o emprego”. Para as ajudar sugeriu a redução da Taxa Social Única, como forma de reduzir os custos do trabalho e conservar o emprego. A responsável teceu também duras críticas às linhas de crédito criadas pelo Estado por só contribuirem para o endividamento e apelou a que sejam antes pagas as dívidas às empresas.

“A última coisa que eu faria é o que o Governo está a fazer”, assegurou, acusando José Sócrates de insistir nas suas medidas “em parte por uma questão de teimosia” e, “por outro lado, pela ideia de que controla tudo aquilo que é ajuda”. Para Manuela Ferreira Leite os grandes investimentos como o novo aeroporto o TGV são um erro: “Eu sempre disse que qualquer fórmula orçamental não pode ser para aumentar a despesa, pois assim nos anos mais próximos não é possível baixar impostos”.

Contudo, sobre aquilo que deve ser feito em termos de IRS a dirigente não deu nenhuma resposta concreta: Ferreira Leite admitiu que ainda não fez as contas para as diferentes possibilidades de mudanças nos escalões mas alertou que “devem ser feitos cálculos sérios e ponderados” antes de se tomar uma decisão. “Não quero propor algo que não possa ser exequível [em termos orçamentais]”, afirmou.

Questionada sobre o desemprego, a presidente do PSD disse esperar "um agravamento da taxa de desemprego". "Infelizmente eu admito que a taxa de desemprego seja capaz de subir mais de um ponto ou dois. Pode atingir os dez por cento e se não atingir os dez por cento é porque existe muito artifício", previu.

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