Mais 603 socialistas com quotas pagas por outros militantes
Candidato à concelhia do PS/Porto e seu filho terão pago 4.454 euros de quotas.. Todavia, José Luís Costa Catarino nega pagamento,mas admite que familiares tenham passado cheques.
No Porto, o pagamento de quotas em atraso não tem a expressão de Matosinhos, mas mesmo assim há 603 socialistas que viram as quotas pagas por outros militantes, e, em Gondomar, o presidente da concelhia, Luís Filipe Araújo, que se recandidata, assume que pagou quotas a militantes de uma secção que não a sua.
Fontes socialistas garantiram ao PÚBLICO que uma parte das quotas de militantes do Porto, no valor de 2102 euros, foi paga por cheque assinado por José Luís Costa Catarino, que está a preparar a sua candidatura à concelhia. O seu filho, José Luís Macieira Catarino, pagou 2.352 euros. O valor total dos cheques emitidos é de 4.454 euros.
Contactado nesta quinta-feira pelo PÚBLICO, José Luís Costa Catarino nega ter feito qualquer pagamento e dispara: “Isso é uma grande mentira”. “Não fiz pagamento nenhum a não ser da minha própria quota”, garante, acrescentando: ”Estou a fazer uma afirmação peremptória, não tive nada a ver com esse filme que me passa completamente ao lado”. Mas perante a insistência do PÚBLICO, Catarino diz: ”Tenho familiares com o nome parecido com o meu e pode ter acontecido que algum deles tenha passado cheques”.
Afirmando que “nunca esteve metido em golpes baixos”, o candidato à liderança da concelhia do PS/Porto também desmente estar associado ao pagamento de quotas a militantes em Amarante, onde Américo Paulo se candidata. Envolvido na preparação da sua candidatura, Catarino garante que se vencer as eleições contra Manuel Pizarro, actual lidere concelhio, “vai respeitar escrupulosamente o acordo feito para a Câmara do Porto” entre o independente Rui Moreira, presidente da câmara, e o socialista Manuel Pizarro, vereador da Habitação Social.
Esta é a terceira vez que José Luís Costa Catarino, que foi presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, nomeado pelo Governo do PS do qual Manuel Pizarro era secretário de Estado-Adjunto da Saúde, se recandidata à presidência da comissão política concelhia.
Em Gondomar, o líder concelhia, Luís Filipe Araújo, assume que pagou quotas de militantes da secção de S. Cosme, mas revela não se lembrar nem quantas foram pagas nem o valor despendido. “Não sei dizer ao certo quantas foram pagas e o valor em causa, mas garanto que o valor não se aproxima nem de longe nem de perto dos 11 mil euros pagos em quotas em Matosinhos”, afirma, revelando que o pagamento de quotas “é um procedimento normal do partido há muito tempo”.
Filipe Araújo desmente, todavia, que tenha feito qualquer pagamento em relação a militantes de secção de S. Pedro da Cova.
Há uma indignação grande no PS por causa do “pagamento fraudulento” das quotas, como classificou o presidente da concelhia do PS de Matosinhos, Ernesto Páscoa, e há dirigentes nacionais, que em surdina, pedem a intervenção do secretário-geral.
O PÚBLICO fez várias diligências junto do presidente da distrital do PS/Porto, José Luís Carneiro, mas sem sucesso. Na quarta-feira, o líder federativo veio dizer que o caso das quotas pagas em Matosinhos é para “ir até às últimas consequências”. Muitos militantes aguardam agora que José Luís Carneiro tome uma posição idêntica em relação ao Porto.
O presidente da concelhia, Manuel Pizarro, prefere manter o silêncio sobre o que se está a passar, mas é provável que sábado, na apresentação da sua candidatura, o tema faça parte da sua intervenção.
As concelhias vão a votos dentro de três semanas e há muitas movimentações porque os mandatos que saírem destas eleições são para os próximos quadro anos.