Conferência sobre a sida termina em Barcelona
Na conferência de imprensa final da 14ª Conferência Mundial sobre a Sida, sob a égide das Nações Unidas, um dos vice-presidentes do encontro, Shaun Mellors, recusou afirmar que a reunião tinha sido um sucesso. "Devo manifestar o meu desacordo. Penso que é tempo de passarmos dos compromissos políticos à acção política", sustentou o responsável.
Por outro lado, durante os seis dias do encontro várias organizações de combate à doença quiseram saber onde estão os dez mil milhões de dólares que deviam constituir o Fundo Mundial de Luta Contra a Sida, lançado pela ONU em 2001, mas que até agora recebeu apenas a promessa de 2,1 mil milhões de dólares dos seus doadores.
Em destaque nesta conferência - que contou com mais de 15 mil participantes - esteve o acesso dos doentes que vivem nos países mais pobres aos medicamentos, dado que, segundo os especialistas da ONU, dos dez milhões de africanos que precisam receber terapia, apenas 30 mil chegam a ter contacto com tratamentos.
Cerca de 700 mil bébés continuam a nascer todos os anos já portadores do vírus, por as mães não terem acesso a medicamentos que pervinam a contaminação.
Durante a conferência ficou ainda determinado que 90 por cento dos doentes com o vírus da sida vivem em países pobres (só a África sub-sariana conta com 70 por cento desse valor, o equivalente a 40 milhões de pessoas contaminadas) e que 90 por cento dos fundos destinados ao combate servem para ajudar apenas dez por cento dos contaminados, que vivem, na sua maioria, nos países ricos.
A tão esperada vacina continua a não ser previsível nos próximos dez anos, enquanto no capítulo da prevenção, o preservativo continua a não ser utilizado, infectando todos os dias cerca 15 mil pessoas.
Mandela e Clinton apelam ao reforço dos fundos de combate ao vírusDuas personalidades tiveram a responsabilidade de fechar a conferência em Barcelona, mas o apelo deixado foi em uníssono e a defender a necessidade de reforçar os fundos de combate ao vírus da sida.
Nelson Mandela falaria na sida como "uma guerra contra a humanidade" que "requer a total mobilização de toda a população". "Temos que encontrar formas e meios de tornar acessível tratamentos aqueles que deles necessitam sem ter em conta se podem pagar ou onde vivem", continuou Mandela.
"Nada me afecta mais que a visão destas crianças inocentes a sofrer fisica, social e emocionalmente. Esta é uma tragédia de enormes consequências", continuou, referindo-se aos milhões de crianças afectadas pelo vírus da sida.
O ex-Presidente dos Estados Unidos Bill Clinton defendeu, por sua vez, que era chegado o tempo dos Governos ocidentais financiarem um novo fundo mundial contra a sida, chegando mesmo a apelar: "Digam-me como posso ajudar".
Clinton indicou que se irá deslocar aos continentes africano e asiático para "dar uma maior visibilidade" à questão.
O anterior chefe de Estado norte-americano apelou aos países desenvolvidos a sua contribuição para o fundo de dez mil milhões de dólares que foi criado no ano passado para o combate à sida, tuberculose e malária.
Clinton exortou ainda os países mais pobres a exigerem descontos junto das companhias farmacêuticas, a desenvolverem estratégias claras e as apresentarem-nas aos Governos ocidentais, no sentido de reduzir o custo dos medicamentos e impedir o limite dos orçamentos para os cuidados de saúde.
A próxima conferência mundial sobre a sida está agendada Julho de 2004 em Banguecoque, na Tailândia.