Líder do PS-Porto critica escolha de Manuel dos Santos para o PE e conota-a com a "lógica do aparelho"
Manuel Pizarro manifesta confiança no trabalho do cabeça de lista às europeias e da actual eurodeputada.
“A escolha de Manuel dos Santos só se pode compreender na lógica da federação distrital do Porto e do aparelho do PS”, declarou ao PÚBLICO o líder concelhio, vincando a confiança que manifesta nas candidaturas do cabeça de lista e da actual eurodeputada que surge em quarto lugar na lista das europeias.
“Tenho confiança que podemos trabalhar activamente com Francisco Assis e com Elisa Ferreira para defender os interesses do Norte no contexto da União Europeia”, afirmou o líder da concelhia, numa reacção às escolhas do secretário-geral para a lista com que o PS se vai apresentar nas eleições europeias de 25 de Maio.
“Para a concelhia, a escolha de Francisco Assis e de Elisa Ferreira dá-nos garantias de uma representação adequada do Porto no Parlamento Europeu e que nós valorizamos em especial pelo centralismo exacerbado do Governo, que põe em perigo uma distribuição regional adequada dos fundos comunitários essenciais para que a região abandone a cauda da Europa”, disse Manuel Pizarro, que acrescentou não ignorar que os “eurodeputados serão eleitos para representar o país”, mas que “não é indiferente para o Porto que duas figuras com esta relevância ocupem lugares no Parlamento Europeu”.
O facto de Francisco Assis já ter assumido que vai conciliar a sua actividade como eurodeputado com a de deputado municipal deixa Pizarro confortado. “O que eu quero dizer é que vamos ter na autarquia da cidade um deputado europeu numa altura em que o próximo Quadro de Referência Estratégia Nacional é absolutamente decisivo para o Porto. Temos reforçadas condições para conseguir que os legítimos interesses da região sejam considerados na concretização desse programa comunitário”, concluiu.
Já os socialistas bracarenses estão inconformados com o lugar que o distrito ocupa na lista ao PE. Fernando Moniz, que já foi eurodeputado, é o primeiro socialista de Braga a surgir na lista, ocupando o décimo primeiro lugar, uma posição de difícil eleição.
“Foi com enorme surpresa e estupefacção que tivemos conhecimento da lista, que não prestigia o peso e a importância que o PS tem em Braga”, afirmou ao PÚBLICO um dirigente socialista. A mesma fonte, que solicitou o anonimato, declarou “ser inaceitável e incompreensível que a direcção do partido e o próprio secretário-geral tenham tratado Braga desta maneira, colocando Fernando Moniz numa zona cinzenta”.
Outras fontes socialistas garantem que no distrito havia muita expectativa em relação à composição da lista porque “Braga foi fundamental para a eleição de António José Seguro para líder do partido”.
Ao que foi possível apurar, na calha estavam quatro nomes: António Magalhães (ex-presidente da Câmara de Guimarães), Fernando Moniz (antigo governador civil do distrito), Joaquim Barreto (ex-presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto) e Mesquita Machado (um dos dinossauros do PS que presidiu durante sucessivos mandatos ao município de Braga).
O descontentamento que a lista provocou em Braga chegou já ao conhecimento de Seguro, que terá sublinhado que o lugar que, de facto, estava reservado a Braga era mesmo o décimo primeiro.