Jerónimo acusa PS de propor mudanças que são evolução na continuidade

Socialistas estão, para o PCP, no arco do empobrecimento, ao lado da maioria de direita.

Fotogaleria
Milhares de pessoas desfilaram na marcha "A Força do Povo" Nuno Ferreira Santos
Fotogaleria
Jerónimo de Sousa na marcha deste sábado em Lisboa Nuno Ferreira Santos

A marcha “A Força do Povo”, organizada pela CDU na tarde deste sábado entre as praças do Marquês do Pombal e dos Restauradores, não provou, apenas, a reconhecida e testada capacidade de mobilização do PCP. Os comunistas marcaram terreno à esquerda e pretenderam eliminar a alternativa de António Costa.

“Todos em conjunto – PS, PSD e CDS – a tentar mostrar diferente o que é igual, a esconder por trás de diferenças secundárias o mesmo projecto vinculado Às orientações do grande capital nacional e transnacional – privatizações, novas alterações da legislação laboral, desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, precaridade, amputação da segurança social, ataque às pensões de reforma e aos reformados, afastamento do Estado das tarefas do desenvolvimento económico e social.” Desta forma, o secretário-geral do PCP sintetizou a prática dos partidos [PS, PSD e CDS/PP] que definiu como “do arco do empobrecimento”.

Na sua intervenção, por seis vezes o dirigente comunista colou explicitamente os socialistas às políticas da maioria de direita: “Todos a tentar vender gato por lebre. O PS a anunciar mudanças que são uma evolução na continuidade, porque dizem que não querem levar com a porta na cara dos mandantes!”. O motivo, disse Jerónimo, é “o mesmo apego aos instrumentos de dominação dos povos – Tratado Orçamental, Governação Económica, Programa de Estabilidade.”

Em contraste, o líder do PCP apontou a CDU como alternativa. Como “caminho novo”, “força portadora de mudança”, protagonista de uma “política alternativa, patriótica e de esquerda”. Por duas vezes, garantiu, a CDU estará disposta a assumir todas as responsabilidades que os eleitores lhe atribuírem. “Com a segura certeza de que o vosso voto não será traído”, assegurou. E, num claro desafio e numa antevisão do mais que provável apelo do PS ao voto útil nas legislativas de Outubro, desafiou: “Ninguém é dono da vontade e do voto dos portugueses.” Até porque, destacou, “as eleições legislativas que aí estão constituem um momento da maior importância na luta pela ruptura com a política de direita e a concretização da viragem inadiável e necessária da vida nacional.”

Nos Restauradores, Jerónimo fez a evocação do “lugar simbólico que celebra a libertação do País do domínio estrangeiro”. E, a seguir, referiu” um Portugal transformado num apêndice de Bruxelas com troika ou sem troika, apêndice das principais potências europeias”.  O secretário-geral do PCP apontou o caminho. “A questão principal é o crescimento económico, com mais produção e emprego, dele decorrerá mais receita fiscal, menos despesa na protecção social, melhor balança comercial, menos défice orçamental e menos dívida”, disse.

Defendeu um aumento da receita através de uma nova política fiscal que elimine “a protecção tributária concedida ao grande capital” e “pelo combate a todas as formas, legais e ilegais, de evasão fiscal”. E propôs cortes na despesa, da redução do serviço da dívida ao resgate das parcerias público-privadas e contratos swap, da limitação da contratualização dos serviços externos ao combate ao desperdício.

Um conjunto de medidas há muito avançadas pelo PCP e seus aliados na CDU. A marcha deste sábado não se destacou pela novidade de qualquer proposta. Reiterou o caminho seguido. O que mobilizou os milhares de militantes vindos de todo o país e que desceram a Avenida da Liberdade foi a oportunidade. No mesmo dia, em que o PS, no Coliseu dos Recreios, paredes meias com os Restauradores, aprovava o seu programa que considera como alternativa à actual maioria PSD-CDS/PP. Foi este o timing trabalhado pelos comunistas.

Sugerir correcção
Ler 31 comentários