Histórias nos cartazes do PS não pertencem às pessoas fotografadas

PS pede desculpa às pessoas envolvidas nos outdoors. Uma das caras dos novos cartazes socialistas diz que não está "desempregada desde 2012", como é sugerido, e queixa-se que não deu autorização.

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Esta é a mulher que diz que não esteve desempregada desde 2012 DR
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O PS já reagiu, pedindo desculpa às pessoas envolvidas. E este domingo vai iniciar a afixação de um novo cartaz nacional da campanha "É tempo de confiança".

Uma das mulheres que figura nos outdoors publicitários, Maria João, disse ao Observador que não deu autorização ao partido para usar a sua imagem e que, ao contrário do que o cartaz sugere, não está “desempregada desde 2012”. “A história não é minha. Aquela afirmação é falsa”, disse ao Observador, a quem explicou que colaborava com a Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa, quando lhe foi tirada a fotografia, no final de Julho.

O PS já admitiu que as histórias nos cartazes e as suas figuras não correspondem à mesma pessoa. “Trata-se de representações”, disse o partido na resposta ao Observador. “Apesar de não faltarem exemplos de tantos e tantos casos semelhantes aos denunciados no cartaz, não iríamos expor assim as próprias pessoas e o seu sofrimento”, diz fonte oficial dos socialistas. “Portanto, embora os cartazes sejam todos relativos a casos reais, as pessoas são figurantes escolhidos e que aceitaram figurar nos cartazes.”

Maria João assegura que deu uma autorização verbal a Margarida Martins, presidente da Junta de Arroios, liderada pelo PS, para ser fotografada e fazer parte da “campanha do António Costa”. No entanto, diz, não lhe foi explicada a finalidade da imagem nem pedidas mais autorizações.

Depois de mais esta polémica, o PS emitiu um comunicado na noite desta sexta-feira em que "pede desculpas públicas, em especial às pessoas implicadas".

"A propósito do processo de execução de um conjunto de cartazes temáticos tivemos conhecimento que terá havido um entendimento, por parte de pessoas envolvidas, diferente do que havia sido determinado", diz o comunicado do PS.

“O PS solicitou já esclarecimentos pormenorizados aos fornecedores e prestadores de serviços, bem como todas as informações necessárias a que se possa avaliar o procedimento seguido”, salienta o comunicado, que em nenhum momento pede desculpa por as histórias contadas não serem das pessoas retratadas.

A nota dos socialistas refere ainda "que, ao contrário do que foi divulgado por alguns órgãos de comunicação social, o cartaz não é da autoria de Edson Athayde".

Para além do caso de Maria João – no cartaz, a sua cara surge ao lado da frase “estou desempregada desde 2012, para o Governo não existo” – o Observador avança também que pelo menos mais duas pessoas em cartazes do PS são colaboradores da Junta de Freguesia de Arroios e que a sua história pessoal não corresponde à frase que lhes é atribuída. Um destes trabalhadores é a mulher que se diz desempregada “há cinco anos” no cartaz contestado por socialistas próximos do antigo secretário-geral do partido, António José Seguro, e que estará a trabalhar em Arroios ao abrigo de um programa do Centro de Emprego.   

O PÚBLICO tentou, sem sucesso, entrar em contacto com Margarida Martins. 

Os cartazes do PS já estavam a dar polémica pelo facto de a referências de desemprego remontarem ao tempo do Governo de José Sócrates. As críticas foram desvalorizadas na tarde desta sexta-feira pelo director de campanha, Ascenso Simões, que em declarações ao PÚBLICO garantiu que os cartazes vão continuar na rua e que no domingo até será lançado um novo.

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