Freitas do Amaral acusa Cunha Rodrigues de obstrução à justiça no caso Camarate

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Freitas do Amaral desafia a Assembleia da República a pôr fim ao «monopólio da acção penal» DR

O vice-primeiro ministro de Sá Carneiro ao tempo dos factos deu a conhecer detalhes de uma conversa com Cunha Rodrigues, em 1995, onde este o aconselhou a não se envolver no caso."Não tome a responsabilidade de meter o assunto na gaveta. Ponha-o aberto perante o país inteiro numa sala de tribunal e deixe ser o tribunal a decidir...", aconselhou Freitas do Amaral a Cunha Rodrigues.
A resposta do ex-procurador da República não foi favorável à investigação do processo.
"Eu não farei isso e peço que não se junte às famílias das vítimas, que são pessoas pouco recomendáveis e eu não gostava que o senhor ficasse junto", recomendou Cunha Rodrigues.
Perante isto, Freitas do Amaral acrescentou: "A partir daí é que eu fiquei realmente a detestar a figura pública do procurador Cunha Rodrigues".

Acabar com o monopólio da acção penal

No mesmo debate, Freitas do Amaral desafiou a Assembleia da República a pôr um fim no "monopólio de acção penal como privilégio do Ministério Público e regressar ao sistema que vigorou durante o século XIX, princípios do século XX em Portugal", que permite às famílias levar o caso a julgamento, divulga a TSF.Quanto ao cenário de demissões que o Governo viveu ontem, Freitas do Amaral defendeu que, se o ministro da Justiça, António Costa, permanecer no Governo, isso "significa é que quem demitiu o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais não foi o primeiro-ministro, mas o ministro da Justiça". Para Freitas do Amaral isto representa uma "derrota política para o primeiro-ministro" e uma perda de credibilidade.
O primeiro-ministro, António Guterres, reafirmou ontem a sua confiança no ministro da Justiça, António Costa, após este ter apresentado a sua demissão devido às posições defendidas pelo seu colega de Governo, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Ricardo Sá Fernandes, quanto ao caso Camarate. As razões apontadas para o recuo foram a falta de fundamento das acusações de Sá Fernandes, que acabou por se demitir.

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