Ferro Rodrigues defende renegociação dos prazos e dos valores da dívida

Antigo ministro socialista da Solidariedade e Segurança Social avisa que a a situação actual é de "grande perigo" porque pela primeira vez o sistema não está a ter receitas suficientes para fazer face aos encargos.

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Ferro Rodrigues quer plataforma alargada que defenda a reestruturação da dívida pública Enric Vives-Rubio

“Há que unir todos os que não querem a destruição do Estado Social e que atravessa várias áreas partidárias. Há que perceber, perante a possibilidade de uma crise política, que esta, quando vier e se vier, será muito diferente das anteriores”, afirmou Ferro Rodrigues, acrescentando que “não basta a alternância, mas [é preciso] um consenso social político mais alargado, porque só assim será possível renegociar com a troika alguns dos prazos e dos valores da dívida”.

Foi com esta ideia que o deputado e ex-líder do PS encerrou a sua intervenção nas Jornadas Parlamentares do PS, que decorrem em Viseu até amanhã, e durante a qual avisou que a situação que se vive é de “grande perigo”. “Pela primeira vez, a Segurança Social não está a ter receitas suficientes para o sistema público. Eles [Governo e FMI] procuram responder de uma forma errada, diminuindo os direitos  dos desempregados”, censurou.

Zurzindo por diversas vezes no recente “relatório do FMI/Pedro Passos Coelho”, como lhe chamou, Ferro considerou que “há um total desprezo pelas áreas do desenvolvimento social e do crescimento” e que a doutrina do Governo é uma “doutrina  dos mínimos sociais”.

Acusando o executivo de Passos Coelho de levar a cabo uma “política de guerra social”, o ex-dirigente socialista disse ainda que se o “Governo se respeitasse a si próprio não encomendaria um relatório com argumentos de fora que visam dobrar a espinha a quem defende a solidariedade social”.

Insurgindo-se contra a “espiral de recessão” em que o país se encontra, o deputado denunciou o “confronto social” que está patente no relatório do FMI e que, segundo ele, evidencia “divisões” entre o sector público e o sector privado” e a “confrontação entre trabalhadores activos e os aposentados e reformados” e que “procura cortar drasticamente nos direitos adquiridos “.

“Estamos num momento decisivo. Vivemos um PREC [Período  Revolucionário em Curso] diferente, que está legitimado pelos resultados eleitorais, mas com base num programa diferente deste, que tem o apoio de agentes europeus muito poderosos”, disse ainda. O ex-líder não deixou, no entanto, de lembrar que o PS teve um “papel relevante” na configuração do actual sistema de Segurança Social. “Em condições políticas diferentes foi possível ir desenvolvendo uma linha política de um sistema de Segurança Social público com determinadas características.”

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