Falta-nos juízo
Aos que dançam com a prisão provisória de Sócrates lembro que a alegria popular seria a mesma fosse qual fosse o político preso, desde que estivesse mais rico do que quando "entrou para a política". Seriam, a bem ver, quase todos.
Como um cidadão que já foi várias vezes condenado (e outras tantas ilibado) pelos juízes verdadeiramente incorrompíveis de Portugal, sei que a inocência e a culpa são relativas.
Dizem que as intenções não interessam mas, para os juízes (e para o benéfico Ministério Público), a inocência nas intenções, por muito graves que tenham sido as consequências, é tratada como uma atenuante que pesa.
Nunca fui preso, apesar de alguns disparates e de uma única patifaria. Acho que a minha liberdade se deve à minha falta de riqueza. Nunca ganhei mais do que juízo — e mesmo assim em pequena quantidade.
Aos que dançam com a prisão provisória de Sócrates lembro que a alegria popular seria a mesma fosse qual fosse o político preso, desde que estivesse mais rico do que quando "entrou para a política". Seriam, a bem ver, quase todos.
É um facto que Portugal, por muito defeituoso que seja, tem um método judicial que, não obstante os atrasos e as manigâncias, obtém resultados, graças à excelente qualidade da nossa magistratura, que tende a ser inteligente, empática e justa.
A nossa tragédia é não sabermos — e não queremos — esperar por ela.