"Eu experimento os seus pêssegos e você experimenta o meu Governo”

António Costa defende, em Bragança, investimento no interior e lembra compromissos do PS.

António Costa em Trás-os-Montes
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A agenda socialista tinha apontado a caravana para a produção agrícola no interior. A comitiva deslocou-se a Santa Comba da Vilariça, no concelho de Vila Flor, para mostrar o exemplo e o sucesso da articulação da agricultura com a inovação. Costa andou por estradas de terra batida a ver canalizações de rega monitorizadas por computadores, lançado pelo projecto de Automação e Telegestão para Aproveitamento Hidroagrícola do Vale da Vilariça.

Alguns dos 800 agricultores beneficiários das 996 bocas activas de rega acompanhou António Costa na volta. Fernando Brás, presidente da Federação Regadios Públicos do Norte, no meio do verde, garantia que, com o investimento feito, “a produção do olival duplicava”.

Mas o sucesso não travou as queixas dos produtores. Fernando Brás  alertou para as “centenas de milhões de euros investidos que se estão a degradar” devido ao esvaziamento de competências das direcções regionais e que atrapalhavam a transmissão de conhecimento.

O “perímetro” da Vilariça já era servido por quatro barragens, mas os produtores queriam mais uma, a de Cerejais. “Com mais água aumentava a minha produção entre 5 a 10% e aumentava a minha área 30%”, explicou o agricultor Gil Freixo.

O líder do PS aproveitou a deixa para lembrar que o programa eleitoral socialista se comprometia pela “recuperação e alargamento” de “mais 60 mil hectares de regadio”. Já momentos antes tinha apanhado boleia de um idoso que lhe pedia para não ir atrás da “façanha” da coligação nos cortes das pensões. Costa pôs a mão no ombro do eleitor para o tranquilizar. “Ele sabe que, para cortar 600 milhões de euros, precisa de uma revisão da Constituição, mas não vai ter acordo nenhum do PS”. Ouviram-se palmas e Costa seguiu em frente.

Mas o produtor de azeite e pêssegos Luciano Camelo revelou-se um osso mais duro de roer. Estava à espera de Costa para o “ouvir”. “Eu não acredito na política e nos políticos”, começou por dizer ao candidato. Costa garantiu-lhe que, no PS, que estava “escrito é para cumprir”. Apontou para os autarcas para dar o exemplo socialista.

Como o produtor não parecia convencido, puxou da sua arma secreta, o humor: “Eu experimento os seus pêssegos, e você experimenta o meu Governo.” No final, quando Costa partia para Bragança, Luciano Camelo confessava-se ainda “no meio da ponte”. “Vou ter de ouvir o outro lado”, concluiu.

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