Esquerda parlamentar critica em coro escolha de Vítor Bento

Os três partidos da oposição apresentaram o caso como mais um exemplo de confusão entre política e negócios.

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Política e negócios não devem misturar-se, diz Seguro Daniel Rocha

Depois do coordenador do BE, João Semedo, o ter feito, foi a vez do socialista António José Seguro e do comunista Jerónimo de Sousa virem a público.

O secretário-geral do PS defendeu, logo no sábado à noite, em Vila Real, uma separação entre a política e os negócios, classificando a opção de Vítor Bento como “mais do mesmo”.

“Vejam as últimas notícias sobre um banco português e vejam os três nomes conhecidos para a administração desse banco, todos associados à actual maioria política”, afirmou António José Seguro, que discursou num encontro com militantes do PS.

O líder socialista fez questão de apontar essas ligações: “Um deles vem do parlamento para a administração do banco, outro era até há bem pouco tempo, até saber o seu nome, quem fazia a gestão da dívida pública, vendia dívida pública e agora vai para a administração de um banco que comprou essa dívida pública. Isto não pode continuar. Isto é mais do mesmo, é isto que afasta as pessoas da política, é isto que denigre as instituições”, frisou.

Por seu turno, o secretário-geral do PCP, considerou “profundamente negativo para a própria democracia, esta confusão e esta fusão entre os negócios e a política, particularmente do sector financeiro”: “Desta vez nem tiveram o mínimo cuidado para fazer uma nomeação claramente ideológica de gente confiança do Governo, dos seus partidos”, afirmou ontem Jerónimo de Sousa, à margem de um encontro de militantes em Vila Pouca de Aguiar.

Para o comunista, o processo no BES fazia-o temer a repetição dos casos recentes relacionados com o BPN e do BPP: “É preocupante, até porque o nosso povo já pagou com língua de palmo as situações escandalosas, os desmandos da banca, lembrando os casos do BPN e do BPP e esperamos nós que a história não se vá repetir agora com o BES”, salientou.

Já não houve no entanto unanimidade na forma de reagir à escolha. Seguro anunciou que o seu partido tenciona entregar na Assembleia da República (AR) uma “nova proposta para uma nova lei das incompatibilidades” até 15 de Setembro. Considerando inaceitável que “possam existir deputados na AR que, pelo facto de serem advogados, o povo português não saiba quem são os seus clientes, isto é, de onde recebem o dinheiro”. “É uma questão de transparência. Na questão da ética e transparência, nós temos que dar caminhos nesse sentido”, salientou.

Do lado do PCP, a bola está do lado do Banco de Portugal (BdP), exigindo esclarecimentos da entidade supervisora. Para Jerónimo de Sousa, o mais importante agora é perceber porque é que o BdP “esteve tão passivo durante todo este tempo” e porque é que “existem estas situações em que há necessidade de apuramento de responsabilidades”.