Eram só dois, mas cantaram Grândola ao ministro em Londres

Álvaro Santos Pereira ouviu protesto na capital inglesa.

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Depois de ter ouvido protestos na sexta-feira (na foto), Álvaro Santos Pereira ouviu Grândola em Londres nFactos/Fernando Veludo

O ministro abordou os dois manifestantes, à saída de uma palestra, na capital britânica, no Fórum Oficial das Instituições Monetárias e Financeiras sobre "O Novo Programa para o Dinamismo Económico de Portugal", perguntando-lhes o que faziam e "como estão as coisas por aqui?"

"Más. E em Portugal ainda pior. Queremos mudanças. Queremos um novo governo. Está na hora de mudança", disse Raimundo Teresa, 38 anos, chefe de cozinha.

O manifestante português segurava um cartaz onde se lia "Grandolar por Portugal" e "Fight the Fascism and Sing Grandola [Luta contra o Fascismo e Canta o Grândola]".

Álvaro Santos Pereira despediu-se dizendo "apesar de tudo, boa sorte", e partiu no carro do embaixador de Portugal no Reino Unido, João de Vallera.

Embora lamente não ter sido um protesto maior, Miguel Pimenta, estudante de doutoramento em Psicologia de 40 anos, mostrou-se satisfeito.

"É importante 'grandolar' o(s) ministro(s) onde quer que eles vão. Nós sabemos das iniciativas que estão a decorrer por todo o país: onde quer que vá falar um membro do Governo, há pessoas que começam a cantar o Grândola, Vila Morena. Nós já cantámos outras vezes em outras acções de protesto, numa manifestação junto à embaixada num grande comício com os sindicatos [britânicos] e quisemos estar presentes nesta iniciativa", disse à agência Lusa.

Avisou ainda que, mesmo em Londres, "quantos mais ministros vierem, mais irão ser 'grandolados'", em alusão ao tema emblemático de José Afonso, um dos símbolos da revolução de 25 de Abril de 1974.

O ministro da Economia tinha admitido, durante a palestra, que "as pessoas têm o direito de se manifestar" e de "cantar canções revolucionárias".

Porém, congratulou-se com o facto de o Governo ter "conseguido manter a paz social" no país durante o programa de ajustamento imposto pela troika (Banco Central Europeu, União Europeia e Fundo Monetário Internacional).