“É óbvio que uma moção de censura serve para derrubar o Governo”

Carta de Seguro à troika, que deverá ser divulgada nesta terça-feira, sugere queda do Executivo de Passos Coelho e revisão do acordo de ajustamento económico.

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"É uma carta dura", confirmou fonte do PS Enric Vives-Rubio

“É óbvio que uma moção de censura serve para derrubar o Governo”, disse fonte do partido, explicando que a carta tem uma primeira parte em que “é feito o enquadramento político da moção de censura e em que são explicadas as suas razões”.

A missiva enviada à troika pelo secretário-geral do PS tem uma segunda parte em que se escreve que o partido “honrará todos os compromissos do Estado, mas que pretende renegociar o memorando” subjacente ao programa de ajustamento económico em curso no país desde o pedido de ajuda externa, em Maio de 2011.

“É uma carta dura”, confirmou fonte do partido, explicando que “em princípio deverá ser divulgada hoje [terça-feira]”.

A intenção de avançar com uma moção de censura foi aprovada na passada quinta-feira, na reunião da comissão política do PS. Nessa altura, Seguro justificou a decisão com a “situação de pré-ruptura social” do país.

A moção de censura do PS surge num momento particularmente difícil para o Governo, que enfrenta várias provas de fogo nos próximos dias: o veredicto do Tribunal Constitucional sobre os recursos ao Orçamento do Estado, os dados da execução orçamental, a negociação das maturidades dos reembolsos dos empréstimos e as mobilizações sociais do 25 de Abril e do 1.º de Maio.

Nos últimos dias, intensificaram-se as clivagens na maioria, com o CDS a pedir expressamente uma remodelação governamental, que envolve o próprio ministro das Finanças. “Penso que este seria um sinal importante e inequívoco que o primeiro-ministro daria no sentido do compromisso que tem de levar esta legislatura até ao fim”, afirmou António Pires de Lima, presidente do Conselho Nacional do partido à Lusa, no passado sábado.

Também o presidente do Grupo Parlamentar do CDS/PP da Madeira, Lopes da Fonseca, defendeu no domingo à noite uma remodelação no Governo da República, a começar pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar. "O CDS/PP-M alertou em devido tempo o Governo da República e o CDS nacional que poderia acontecer algo muito perigoso, uma convulsão social pode estar a caminho se não houver uma remodelação rápida do Governo da República, a começar pelo ministro das Finanças", disse Lopes da Fonseca, no jantar da tomada de posse da concelhia do partido na Ribeira Brava, citado pela Lusa.
 

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