Dezenas de boinas “vermelho-magenta” no adeus ao “homem de acção” Jaime Neves
“Foi um combatente extraordinário. Não em insubordinação ao Estado, mas por identificação com aquilo que é o sentimento nacional, a nossa unidade distintiva enquanto povo, feita de cultura, de passado, de presente. Quando concluiu que a continuação política da guerra era um erro crasso, rebela-se contra o regime e tem uma participação activa no 25 de Abril e uma participação excepcionalmente activa no 25 de Novembro”, descreveu o antigo Presidente da República, general Ramalho Eanes.
Num espaço que foi pequeno para tantas pessoas, aglomeraram-se muitas figuras das Forças Armadas e do Estado, assim como populares e até funcionários da empresa de segurança privada 2045, fundada por Jaime Neves e o capitão-comando Sousa Gonçalves em 1990, também envergando as características boinas.
“Ele era um homem de esperança e de acção. Imagino que deva ter partido com essa esperança e com alguma angústia também. Morreu um homem a quem devemos, todos nós, muito”, concluiu, emocionado, Ramalho Eanes.
No 25 de Novembro de 1975, Jaime Neves, cuja biografia tem o título de “Homem de Guerra e Boémio”, liderava o Regimento de Comandos da Amadora, uma das unidades militares que se insurgiu contra a denominada Esquerda militar radical e levou à conclusão do Processo Revolucionário Em Curso (PREC).
Neves, natural de Vila Real e colega de Eanes, Melo Antunes, Loureiro dos Santos e Almeida Bruno na Escola do Exército, morreu domingo, com 76 anos, depois de cinco missões de serviço em África e na Índia, merecendo a medalha de grande-oficial com Palma, da Ordem Militar da Torre e Espada, do valor, Lealdade e Mérito, em 1995, pelo então Presidente da República, Mário Soares.
Após a cerimónia, conduzida pelo bispo das Forças Armadas, Januário Torgal Ferreira, o corpo de Jaime Neves seguiu para o cemitério do Alto de São João, para ser cremado.