Daniel Bessa: “Estamos todos a evitar anunciar a bancarrota”

Ex-ministro socialista propõe novo Governo que inclua o PS.

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Daniel Bessa nFactos/Fernando Veludo

“O que estou a propor [envolvimento do PS no Governo] parece-me ser um contributo para evitar esse momento de anúncio de bancarrota. Porque há uma coisa que os portugueses têm de saber. É que, se esse momento chegar, será muito pior do que aquilo que vivemos hoje. Quem vende o incumprimento da dívida como uma salvação está também a vender uma ilusão. Ninguém julgue que Portugal sai incólume e sem uma penalização muito maior do que temos hoje se tiver de chegar ao incumprimento assumido”, disse Daniel Bessa no programa Conversas Cruzadas, da Rádio Renascença.

“Estamos todos no país a tentar evitar o momento final do anúncio ao mundo da bancarrota e do incumprimento. Não estou a dizer que estamos em cima desse momento, mas, infelizmente, estamos hoje mais perto do que estávamos há dois meses, estamos mais perto do que estávamos há dois anos. E, portanto, é isso que estamos a tentar evitar”, acrescentou o ex-ministro da Economia num Governo socialista.

Daniel Bessa vê o Verão como o limite para o prazo de validade do actual Governo. “A meio do ano já será muito difícil lidar com uma execução orçamental muito negativa. O que assistimos é que, mais cedo do que eu próprio admitia, há aqui a confissão de uma dificuldade”, disse o presidente do Cotec, uma associação empresarial para a inovação. “Portanto, não acho que este Governo vá cair na rua. Vai cair pelo reconhecimento interno, a que não poderá deixar de chegar, da necessidade de ajuda e de que essa ajuda exige outra solução governativa.”

Daniel Bessa defende que a formação de um novo Governo “não é nenhum passe de mágica, não vai resolver nenhum problema só por si”: “Mas acho que melhora um pouco as condições do exercício da actividade governativa.”

Opinião diferente tem Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças social-democrata. “Um Governo de coligação poderia ter sido tentado antes, agora não me parece viável”, disse no mesmo programa da Renascença, admitindo que Portugal está na “corda-bamba”.

“Compreendo a ideia do Daniel Bessa, mas não estou a ver que o Partido Socialista queira, tenha vontade e, do ponto de vista estritamente partidário, tenha vantagem em entrar num Governo de coligação. Numa perspectiva partidária. A perspectiva nacional é outra”, argumentou Cadilhe.
 
 
 

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