Costa não sabe se PS ganha à direita e pede união entre reformistas
António Costa reiterou a necessidade de uma “reforma eleitoral” para “revalorizar, por via da profissionalização, os laços de ligação entre eleitos e eleitores” e “desmantelar os sistemas de poder fáctico que se instalaram nos partidos”, na apresentação do livro “E Agora?”, da autoria do sociólogo e analista político Pedro Adão e Silva, em Lisboa, em que estiveram presentes, entre outros, o ex-primeiro ministro José Sócrates e o antigo Presidente Jorge Sampaio.
“Se hoje houvesse eleições em França, o PS voltaria a ganhar, ou a direita? Em Portugal, quem ganharia, a direita ou o PS? Este é um problema que se vem a agravar. Desde o início das crises em 2008, todos os Governos em funções foram derrotados e mesmo os Governos que foram substituí-los foram também eles derrotados”, disse, defendendo haver também uma crise do próprio sistema democrático político-partidário.
O autarca revelou um episódio, enquanto ministro dos Assuntos Parlamentares de António Guterres, em Governo minoritário, para conseguir fazer passar o Orçamento do Estado junto do maior partido da oposição, o PSD, sem que este perdesse a face.
Com Marcelo Rebelo de Sousa, “um homem particularmente imaginativo, entretanto reconvertido em comentador dominical”, teve se criar uma medida que o Governo não queria, para ser alvo de uma grande campanha – "pena máxima para a colecta mínima” – e aí recuar para o PSD ter essa vitória.
“Reformistas de todo o Mundo, uni-vos. Pelo menos, de todo o país, uni-vos, visto que é inquestionável a necessidade da reforma. É essencial que seja possível encontrar uma base política e social sólida e, sem que isso aconteça, é também impossível ter uma posição firme e construtiva no quadro da União Europeia para corrigir o que é necessário corrigir, quer no curto quer no médio prazo”, disse.
António Costa criticou a “falta de cultura de consenso, de negociação e de acordo”, particularmente com outros partidos da oposição, uma vez que “a direita facilmente resolve este problema, com maior ou menor facilidade, um pé dentro e outro fora, pés de fora e cabeça dentro, em geometria variável, sempre encontra forma de se entender”.
“O problema coloca-se à esquerda, onde nunca foi possível haver um entendimento que gerasse soluções governativas”, afirmou.