Prova dos factos: Costa defendeu abstenção nos Orçamentos como orientação geral, mas foi contra o de 2012

Seguro acusou o adversário de se contradizer, mas as declarações do autarca de Lisboa são de âmbito diferente.

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José Sena Goulão/Lusa/Pool

Sendo certo que António Costa debatia a possibilidade da abstenção em Orçamentos do Estado quando o país descobria os planos do Governo para o OE de 2012, a acusação de Seguro não espelha na totalidade tudo o que Costa afirmou sobre o assunto.

O tema entrara no debate por iniciativa do pretendente à liderança socialista, ao definir a opção de voto do PS como o “momento capital” de uma sucessão de “sinais equívocos” dados pela actual direcção do partido. “Foi o momento em que o Governo se demarcou do Memorando de Entendimento. O PS não se devia ter abstido”, criticou Costa.

“Ter votado contra o OE 2012 teria sido uma irresponsabilidade e teria sido um regresso ao passado que está expresso em António Costa”, respondeu Seguro, antes de aludir à referida contradição de Costa.

No entanto, no clip de menos de um minuto do programa Quadratura do Círculo, da SIC-Notícias — apresentado pela direcção do PS como prova do flagrante delito de Costa —, o que o autarca defende é, na realidade, algo mais abrangente.

“Por sistema”, defendia o socialista na SIC a 13 de Outubro de 2011, “o PS e o PSD” deviam “oferecer-se condições recíprocas de governabilidade”, “abstendo-se em instrumentos fundamentais” como os “orçamentos, as moções de censura e as moções de confiança”. “Acho que deve ser uma regra que ambos os partidos devem assumir”, rematava.

A interpretação das palavras de Costa sugere que o autarca estava a referir-se ao tema de um ponto de vista mais abstracto. Nas suas referências ao OE de 2012, o ex-ministro de José Sócrates assumiu um tom mais crítico, ao defender que o PS tinha de se “demarcar, na especialidade, das propostas com as quais não concorda”.

No mesmo programa, semanas mais tarde, Costa voltou a defender que o PS devia “dar um sinal claro de que está contra as opções políticas deste Orçamento”. Com o argumento de que o documento “não cumpriu a troika”.

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