Costa promete mil milhões para a reabilitação urbana

Líder do PS andou por Lisboa para mostrar "obra feita" e tentar o contacto directo com os eleitores.

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Nuno Ferreira Santos
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Foi no discurso feito na sardinhada que encerrou a volta pela cidade, no Largo da Severa (Mouraria), que o líder socialista lançou a meta para assinalar a diferença em relação ao actual Governo “da direita”. "Nós assumimos um objectivo, que é um compromisso concreto e um objectivo quantificado, que não é de lançar um programa de 50 milhões, mas é um programa de mil milhões de euros para pôr a reabilitação urbana a andar e a funcionar neste país, porque é assim que relançamos a economia e podemos criar emprego", afirmou António Costa. Para o secretário-geral do PS, o incentivo à reabilitação urbana era central por permitir “relançar o sector da construção, criar emprego, melhorar as condições da habitação, melhorar a qualidade da cidade e melhorar a eficiência energética".

A “aposta” na reabilitação urbana estava já inscrita no programa eleitoral do PS, apresentado em Junho, embora sem números a concretizá-la. O programa apontava para essa área de intervenção como um sector “fortemente potenciador de emprego”, tanto na recuperação de “edifícios como do espaço público”. Adiantava também que deveria incidir “prioritariamente nos centros históricos e em zonas urbanas ou peri-urbanas degradadas, carecidas de um esforço sério de requalificação e com um défice de equipamentos ou serviços essenciais”.

E anunciava a intenção de “criar um Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado, com capitais e gestão pública (sendo que parte do capital inicial pode ser incorporado através da entrega de edifícios públicos a necessitar de reabilitação), mas ao qual os privados possam aceder mediante a entrega do seu edifício/fracção”. Com o objectivo, acrescentava o documento, de fomentar “em especial  o arrendamento de habitação acessível”. Foi precisamente essa política que António Costa citou no seu discurso aos apoiantes que compareceram no Largo da Severa para ouvir o candidato socialista.

O périplo pelas ruas de Lisboa tentou apresentar exemplos dessa reabilitação operada pelo executivo camarário socialista. E em relação ao qual António Costa se esforçou por demonstrar nos maiores e mais pequenos pormenores. Começou nos terraços do Carmo, varanda a partir do qual se tem desde Junho uma nova vista sobre o Castelo de São Jorge. Depois de uma paragem na esplanada aí instalada, fez o elogio em causa própria. “Uma pessoa está vir a Lisboa e já não a reconhece”.  Passou pela Baixa, onde convidou quem o acompanhava a testar a “pedra da calçada que não escorrega” quando por ela se circulava. Subiu pelo elevador Baixa/Castelo para ir ter à Cadeia do Aljube onde agora se encontra o Museu da Resistência.

Num recanto a caminho do miradouro e elevador de Santa Luzia, puxou para o lado o seu sucessor da câmara para o alertar sobre um processo de posse administrativa que a edilidade estava a tratar ainda no seu tempo. Explicou a Fernando Medina que o processo ficara suspenso devido ao compromisso do proprietário em fazer as obras necessárias. Como ontem não via mudanças recomendou ao actual presidente que fosse atrás do prevaricador. O que levou a uma resposta pronta de Medina: “Já estavas com saudades…”

Mas o objectivo era outro. Passar revista às últimas inaugurações da cidade para depois, no seu discurso, poder dizer que Fernando Medina “fez mais em cinco meses do que o Governo em quatro anos”. E isso ao mesmo tempo que não se descurava a “marca distintiva” em relação ao Executivo de Passos Coelho. “Eles herdaram uma grande dívida e aumentaram-na em 18%, nós herdámos uma grande dívida e reduzimo-la em 40%”

Pelo meio ia tentando fazer o “contacto directo” com os eleitores, conforme definido no programa do dia. Mas sem grande sucesso, talvez devido à comitiva e aparato que seguia Costa. Costa seguiu sempre apoiado pelo seu sucessor Fernando Medina e os vereadores Duarte Cordeiro, Graça Fonseca, Sá Fernandes. Que eram secundados por figuras socialistas como o ex-líder Ferro Rodrigues, o presidente da distrital Marcos Perestrelllo, ou o presidente da Junta de Santa Maria Maior, Miguel Coelho. E ainda pela eurodeputada Maria João Rodrigues ou os deputados Miranda Calha e Jorge Lacão.

O próprio percurso escolhido também não ajudou. Passou por zonas onde imperavam os turistas. Na baixa, o socialista foi mesmo surpreendido por um turista que não descansou enquanto não conseguiu a inevitável foto com o seu “selfie stick”, gritando para o candidato “selfie, selfie, selfie!”. Ainda assim deu para trocar cumprimentos com alguns transeuntes, como o jovem empresário que foi ter com o socialista para lhe deixar um aviso. “Vou votar em si, mas olhe o IVA, estou a contar consigo”, disse a um Costa atento. Na Mouraria não ligou muito ao “chato do IMI”, de acordo com a designação dada pela comitiva ao homem, que surgiu, mais uma vez, com uma fotocópia na mão, exigindo o “sim ou não” de Costa à baixa desse imposto.

Também teve direito a alguns abraços apertados. Uma lisboeta fez questão de se dirigir a ele e agradecer o trabalho feito. “Estamos todos consigo, obrigado por não se esquecer de nós”, ouviu na Baixa. A qualquer uma das solicitações ia reagindo com humor. Quando encontrou na comitiva o actor do teatro de revista, Paulo Vasco, depois do abraço perguntou-lhe pela próxima estreia no Parque Mayer. Pela reacção à resposta recebida, pareceu estar convencido na vitória a 4 de Outubro - “Não posso perder essa, que a próxima já vou ser eu a levar na cabeça.”

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