Cortes nas pensões devem ter luz verde do TC, defende o constitucionalista Tiago Duarte
Além disso, a declaração de inconstitucionalidade não deverá ser feita porque a medida “abrange apenas as pensões com um valor que, comparado com a média nacional, é elevado”. E porque os cortes serão progressivos, alegou Tiago Duarte, acrescentando uma quarta razão: “A medida é necessária no contexto de emergência nacional que o país atravessa.” O princípio que falta cumprir, e a que o Tribunal Constitucional já fez referência quando foi a questão dos despedimentos na função pública, é o da protecção da confiança, adiantou o advogado. “De facto, havia uma confiança nas pessoas de que receberiam essa pensão sem cortes e agora há uma alteração do enquadramento legislativo”, reconheceu Tiago Duarte, lembrando, no entanto, que este não é um princípio absoluto. Este princípio “tem de ser sempre ponderado e posto na balança em contraposição com outros princípios, nomeadamente com o do interesse público e mesmo o da sustentabilidade financeira do Estado”, referiu. Lembrando que, no caso do corte de entre 3,5% a 10% dos salários dos funcionários públicos o Tribunal considerou que não eram inconstitucionais, assim como no caso da contribuição especial de solidariedade, o constitucionalista defendeu que tudo aponta para que a medida passe. A condição de recursos para as pensões de sobrevivência será prestada por quem receba pensões acima de 2000 euros, anunciou no domingo o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas. “A opção do Governo foi: até 2000 euros as pessoas estão isentas”, afirmou Paulo Portas, numa conferência de imprensa na Presidência do Conselho de Ministros.