Grupo de personalidades defende “limpeza” nos serviços secretos
As críticas começaram no fim-de-semana com o social-democrata António Capucho, seguido de Francisco Pinto Balsemão, e esta quarta-feira foi a vez de Pacheco Pereira, Bacelar Gouveia e Garcia Leandro. O Governo fez nesta terça-feira saber que escolheu as secretas para tema do debate quinzenal.
O social-democrata José Pacheco Pereira disse, em entrevista à rádio Renascença, estranhar a falta de consequências no caso das secretas e acrescentou que os Serviços de Informações perderam toda a credibilidade interna e externa.
"Eu também sou a favor de que isto precisa de levar uma volta completa, eventualmente até uma refundação dos serviços, que têm gente capaz, nem toda a gente tem este tipo de comportamento", afirmou.
O ex-dirigente social-democrata defendeu que é "necessário encontrar alguém exterior aos serviços, sem estar comprometido com amiguismos, violação de segredos de Estado, mas que conheça a matéria para cumprir esse papel".
Depois de ontem Francisco Pinto Balsemão ter igualmente defendido uma “imediata limpeza” nos Serviços de Informações, esta quarta-feira também Bacelar Gouveia frisou o sentimento de desconfiança que mina os serviços.
"Há uma dimensão política que julgo que se está a descurar e todos os dias gera, realmente, um sentimento de desconfiança e até de medo em relação àquilo que os Serviços de Informações fazem", afirmou o antigo presidente do Conselho de Fiscalização dos Serviços de Informações e constitucionalista.
Bacelar Gouveia defendeu uma "intervenção rápida" para que se restabeleça, "na medida do possível, os níveis de confiança por parte dos cidadãos em relação à actividade dos Serviços de Informações".
Já o general Garcia Leandro, antigo director do Observatório de Segurança, reiterou, em declarações à TSF, a tese que defende uma "limpeza do pessoal" nos serviços e a aposta em personalidades com "elevado nível ético".
“O que deve ser feito é, exactamente, uma reformulação do sistema e, uma coisa que é muito importante: é que, ao lado da competência profissional, as pessoas sejam escolhidas pelo seu elevado nível de comportamento ético. Isso é uma coisa absolutamente indispensável, porque ou se vai atacar esta situação de fragilidade rapidamente ou este processo vai continuar a queimar bastante gente, e não é em lume brando, é em lume forte”, disse o general.
Ontem, Jorge Silva Carvalho, antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) pediu a sua desvinculação do segredo de Estado, pelo que só prestará esclarecimentos em julgamento quando o pedido for aceite.