Conselho de ministros extraordinário da CPLP durou cinco horas e ainda fez acrescentos à agenda
Angola, que preside actualmente à CPLP, introduziu, à última hora, o tema do Acordo Ortográfico, que acabou por dar início a uma agenda que viria a revelar-se longa.
À saída da reunião, o ministro das Relações Exteriores angolano, Jorge Chicoty, adiantou aos jornalistas que foi apresentado um estudo com recomendações de peritos de Angola, que ainda não aderiu ao Acordo Ortográfico. Estas recomendações, acrescentou, deverão ser discutidas na próxima reunião de ministros da Educação da CPLP, a realizar-se na cimeira de Luanda, a ter lugar este ano.
Garantindo que “há consenso” entre os membros da CPLP sobre o Acordo Ortográfico, Chicoty disse que foi também vincada a necessidade de “facilitar” os processos de adesão de Angola e Moçambique, os únicos que, “por causa de problemas internos”, ainda não o ratificaram. “É preciso esperar por aqueles que têm alguma dificuldade”, apelou, dizendo, por outro lado, que acredita que a língua portuguesa vencerá “a batalha” de ser adoptada como língua de trabalho nas Nações Unidas “no curto prazo de cinco anos”.
Ao Acordo seguiu-se a avaliação do relatório de peritos convocados pela CPLP para, na semana passada, discutirem as formas de promover a cooperação económica e empresarial entre os membros. “Fizeram recomendações importantes no sentido de apoiar mais o sector empresarial dentro da CPLP e as novas tecnologias”, referiu Chicoty.
A segurança alimentar e nutricional fazia também parte da agenda da reunião dos chefes da diplomacia lusófonos, que concluiu por uma “maior cooperação” entre a CPLP e a FAO (agência das Nações Unidas para a alimentação), que poderá “eventualmente” passar pela abertura de “uma representação da FAO junto da CPLP”.
Para último ficaram as situações nas Guinés: Bissau e Equatorial. Segundo Chicoty, os membros da CPLP congratularam-se com “os esforços feitos por Angola para acelerar a assinatura de um memorando de entendimento” sobre a reforma do sector de defesa e segurança na Guiné-Bissau, o que deverá acontecer “nas próximas semanas”.
A Guiné Equatorial foi o tema final da reunião, tendo sido reconhecidos “progressos” e reafirmada a “vontade política de todos os Estados-membros” em acolher este país africano entre a comunidade lusófona já na cimeira de Maputo, agendada para j
Julho, adiantou o ministro angolano, reconhecendo, por outro lado, que “algumas outras coisas ainda têm de ser feitas” para tal adesão se consumar.
A CPLP inaugurou, em Lisboa, a sua nova sede, que passa a funcionar no Palácio Conde de Penafiel, situado numa encosta do Castelo de São Jorge.
O ato, que se inseriu na semana comemorativa dos 15 anos da instituição - criada a 17 de Julho de 1996 - incluiu uma sessão solene, que contou com a presença do chefe de Estado português, Aníbal Cavaco Silva, o vice-presidente de Angola, Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nandó), o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, e os antigos presidentes Pedro Pires e António Mascarenhas Monteiro (de Cabo Verde), Joaquim Chissano (Moçambique) e Jorge Sampaio (Portugal).
Na terça-feira, vai realizar-se um colóquio subordinado ao tema “CPLP - Uma Oportunidade Histórica” que será aberto pelo secretário executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, e encerrado por Fernando Dias dos Santos. No debate, moderado por Jaime Gama, ex-presidente da Assembleia da República portuguesa, participam os ex-chefes de Estado Joaquim Chissano, Jorge Sampaio, Mário Soares e Pedro Pires.
À margem da semana comemorativa, decorre na terça e quarta feiras, na nova sede da CPLP, a XXIV reunião ordinária de pontos focais de cooperação.