CGTP garante que não há razões para SIS se preocupar porque não pretende violência

Governo e PSP estarão a preparar plano de reforço da segurança nos ministérios para evitar repetição de incidentes de terça-feira.

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A acção concertada de terça-feira à tarde apanhou a segurança dos quatro ministérios de surpresa e não houve qualquer reacção da polícia. Daniel Rocha

"Creio que o SIS tem mais com que se preocupar do que com as lutas dos trabalhadores e as intervenções e acções da CGTP", afirmou Arménio Carlos à Lusa, acrescentando que os representantes da central sindical não pretendem gerar violência, mas "combater a violência das políticas" do Governo.

Exemplo disso foram as iniciativas de terça-feira à tarde, que levaram várias dezenas de sindicalistas a invadir quatro ministérios - Economia, Finanças, Ambiente e Saúde - numa operação-surpresa que apanhou as forças de segurança desprevenidas.

De acordo com o Diário de Notícias de hoje, a iniciativa não foi antecipada pelo SIS nas avaliações de ameaças relacionadas com as manifestações, tendo o comando da PSP destacado, na tarde de terça-feira, cerca de 300 elementos das Equipas de Intervenção Rápida para reforçar a segurança de 13 ministérios, colocando, em média, 30 agentes em cada local. Ter-se-á criado um clima de mal-estar entre a PSP e o SIS, com a primeira a considerar ter havido uma falha dos serviços secretos na antecipação deste tipo de acção de protesto.

"Se o SIS se quiser preocupar, pode preocupar-se e acompanhar de uma forma mais permanente a fraude de evasão fiscal, aqueles que têm aqui os lucros e não pagam impostos, aqueles que estão envolvidos em negócios de alto gabarito sem qualquer tipo de penalização, é por aí que o SIS deve intervir e não tanto estar preocupado com as lutas dos trabalhadores e muito menos com a intervenção da CGTP", defende Arménio Carlos.

A invasão dos ministérios foi, segundo o secretário-geral da CGTP, uma iniciativa inserida no dia Nacional da Indignação, Protesto e Luta, como denominou a central sindical o dia da aprovação do Orçamento do Estado para 2014.

"A nossa estratégia é só uma: pôr termo à violência desta política que está não só a esmagar os rendimentos dos trabalhadores e pensionistas como a dizimar o desemprego, a forçar os nossos jovens a emigrar e também a deixar os nossos desempregados sem qualquer tipo de protecção social", justifica. "É uma estratégia de luta contra a violência que este Governo está a desenvolver contra o país e contra o povo português", acrescenta.

Embora tenha preferido manter segredo sobre eventuais novas iniciativas, Arménio Carlos defende que os sindicalistas "têm de puxar pela imaginação para forçar o Governo a ouvi-los", já que o executivo tende a ser "cego, surdo e mudo em relação aos problemas que lhe são colocados".