CGTP acusa Passos de “manipular os números do emprego”
Primeiro-ministro falou em 120 mil novos postos de trabalho criados. CGTP lembra que se perderam outros 98 mil.
“Porque omite a destruição de cerca de 98 mil empregos ocorrida no primeiro trimestre. De facto, a evolução do emprego indica apenas uma evolução líquida de cerca de 22 mil empregos em 2013”, sustenta a intersindical num comunicado.
A organização sindical apresenta um conjunto de quadros para qualificar os números apresentados pelo chefe do Executivo e concluir que os empregos entretanto criados são “precários, de baixa qualidade, constituindo, na sua esmagadora maioria, uma antecâmara para novos despedimentos”, para além de corresponderam a “baixos salários”. E acrescenta que “a média mensal do subsídio de desemprego continua a cair”, alertando ainda para a emigração.
Horas antes, o deputado do PSD, Carlos Abreu Amorim, reagira a uma notícia do jornal i que contabilizava pouco mais de 20 mil novos empregos em oposição aos 120 mil referidos por Passos Coelho. “Houve uma nítida, uma patente criação líquida de emprego que a partir do segundo semestre é de mais de 120 mil empregos criados, que são dados que não existem nas estatísticas do INE desde 1998. São dados claramente positivos. Querer perscrutar os dados de uma forma quase mágica para tentar ver nessas declarações algo de negativo, parece-me um esforço que não adianta absolutamente nada para o progresso e para a felicidade dos portugueses”, defendeu no Parlamento.
A contabilidade de Pedro Passos Coelho exige um enquadramento. Fazendo o cálculo da criação líquida de empregos desde Janeiro até Setembro de 2013, verifica-se um ganho de 21,8 mil empregos. Mas coligindo os dados apenas desde Abril até Setembro — o período em que a economia começou a criar empregos —, o ganho é de 120 mil.
Na sua mensagem de Natal, o primeiro-ministro sustentou que “o emprego começou a crescer e, em termos líquidos, até ao terceiro trimestre foram criados 120 mil novos postos de trabalho”. O que pode ser interpretado de duas maneiras: ou se referiu ao período desde o início do ano até Setembro ou desde que o emprego começou a crescer (em Abril) até Setembro. Se for a segunda hipótese, o que disse é verdade. Se for a primeira, é mentira.