Cerca de 300 pessoas assinalaram os 30 anos da extinção do Movimento Esquerda Socialista
O antigo secretário-geral socialista Eduardo Ferro Rodrigues, um dos fundadores do MES, afirmou à Lusa que este foi um “almoço de velhos amigos e conhecidos”, sem objectivos políticos.
“É sempre bom encontrar pessoas das várias gerações e cisões do MES, num almoço que não tem objectivos políticos, apenas de confraternização. É um momento de emoção pois encontramos pessoas que não víamos há muito tempo e é sempre bom encontrarmo-nos com alegria, apesar de todas as dificuldades”, disse em declarações à Lusa.
Ferro Rodrigues recusou fazer comentários sobre a actual situação do país e referiu que apenas se vai pronunciar sobre o Orçamento do Estado, que foi aprovado na generalidade com a abstenção do PS, depois da sua aprovação global.
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio também marcou presença no almoço, mas recusou prestar declarações à imprensa, afirmando que vinha apenas a um “encontro de amigos”.
Eduardo Graça, um dos promotores da iniciativa, destacou a presença de Jorge Sampaio, referindo que esta é a primeira vez em que estão reunidos todos os que subscreveram a moção do primeiro congresso do MES, em 1974, que acabou chumbada.
“Penso que é a primeira vez que estão reunidos todos os subscritores da moção apresentada no primeiro congresso, com excepção de Armando Trigo Abreu, que foi chumbada pela maioria e que originou a saída do chamado grupo de Jorge Sampaio”, explicou.
Entre os presentes hoje na Costa da Caparica estiveram também Alberto Martins, Vieira da Silva e João Cravinho, antigos ministros de governos socialistas, bem como o embaixador de Portugal em Paris, Francisco Seixas da Costa.
“É uma comemoração geracional, de pessoas que a partir de certa altura tiveram percursos diferentes de vida e mesmo dentro da política. Fizemos este jantar há 30 anos, quando o MES acabou, e venho de Paris de propósito para este almoço, onde não existem discursos, apenas abraços”, disse Francisco Seixas da Costa.
O MES, que nasceu em 1974, logo a sair à Revolução dos Cravos, integrou sindicalistas, líderes e membros do associativismo académico e diversos intelectuais que tinham sido opositores à ditadura.
A Declaração do Movimento de Esquerda Socialista - M.E.S, que anunciou o partido, foi subscrita por Agostinho Roseta, Augusto Mateus, Jorge Sampaio, José Manuel Galvão Teles, Ferro Rodrigues e Nuno Teotónio Pereira, entre outros.
Jorge Sampaio fez parte, porém, de um conjunto de pessoas que abandonou o grupo logo no congresso fundador.
O movimento concorreu às eleições para a Assembleia Constituinte, em 1975, e para a primeira Assembleia da República, em 1976. Nas primeiras conseguiu 57 695 votos (1% de votos) e, nas segundas, 31.332 votos (0,57%).