Pronúncia do norte destacou-se na vigília a José Sócrates
Foi anunciada uma manifestação contra o ex-primeiro-ministro que estaria a ser organizada pelo PNR, mas a sua presença não se fez notar.
Ao todo 21 presenças, 17 mulheres e quatro homens, marcaram presença na vigília, para expressar a sua mágoa pela detenção de um “homem bom, preso injustamente” sintetizou João Gomes, que sublinhou ao PÚBLICO a sua condição de “militar de Abril” natural de Mangualde.
Este manifestante que coordenava a acção dos manifestantes fez um paralelismo com “tantos casos” de políticos que são acusados de crimes “mais graves que aqueles que estão a ser imputados ao Sócrates, que está a ser vítima do ódio da direita” e que “continuam em liberdade”.
Acenderam-se velas e tochas para realçar a dimensão da solidariedade a José Sócrates e ao mesmo tempo “iluminar” o caminho dos manifestantes na volta que deram em redor da área prisional. “Gostávamos de cantar, mas a polícia disse-nos que não era possível por causa da lei do ruído”, prossegue o militar de Abril. Olhou-se para os relógios e o ponteiro já passava das 23 horas e o frio apertava, obrigando os manifestantes a procurarem agasalho nos cobertores. “Vamos ficar aqui toda a noite”, garantia uma das mulheres, vinda de Póvoa de Varzim, convicta que “não será o frio que impede de estar com José Sócrates”.
Agentes da PSP e das forças especiais mantiveram a segurança no local. Chegou a ser anunciada uma manifestação contra o ex primeiro-ministro por elementos que estariam ligados ao PNR. “Alguns ainda os vimos por aí, mas a presença da polícia desmobilizou-os”, revela João Gomes.
O PÚBLICO não viu sinal da sua presença que terá contribuído para desmobilizar outros apoiantes de José Sócrates “com medo de puderem vir a ser apedrejados”, realçou outro manifestante que não quis ser identificado.
Concluída a marcha em redor do estabelecimento prisional, em total silêncio, foi a vez de outro orador explicar aos órgãos de comunicação social o porquê da vigília que ia decorrer noite dentro até às 9h30 de domingo. “Estamos aqui por vontade própria, de cabeça erguida e coração ao alto”. Comparou a prisão de José Sócrates às pessoas “queimadas vivas em Portugal”, presume-se durante a Inquisição, e aos “presos do Tarrafal, Peniche, Caxias e Elvas” e pediu à comunicação social para que “reflectisse” sobre o seu papel de reportar os acontecimentos que envolviam José Sócrates.
A intervenção terminou com uma garantia: “Sócrates amigo, o povo está contigo” acompanhada de uma salva de palmas.
Notícia substituída às 08h35 de 1 de Março de 2015.