Centristas defendem coligação com PSD nas legislativas
Portas disse que ainda não é tempo de tomar decisão e pediu contenção aos militantes nos comentários à situação interna do PS.
Sem nunca o assumir publicamente, os deputados da maioria mostram-se muito cautelosos sobre a mudança de líder no PS. Na comissão política nacional do CDS de terça-feira à noite, Paulo Portas pediu para os centristas se conterem nos comentários sobre as questões internas no PS.
Já esta quarta-feira, no período de declarações políticas no Parlament, que giraram em torno das eleições europeias, o social-democrata Miguel Santos disse esperar que “dentro das normas estatutárias o PS se organize assim como os militantes queiram”.
Na declaração política do PSD, António Rodrigues também fez referência ao actual momento do PS para dizer que "não existe outra alternativa" ao actual Governo. "Enquanto alguns - ansiosos e deslumbrados - saem das suas covas na expectativa de espreitar uma oportunidade, nós continuaremos a trabalhar", afirmou.
Pelo CDS, o porta-voz do partido, Filipe Lobo d´Ávila, deu eco às conclusões da comissão política nacional, apontando a necessidade de a maioria “rectificar o caminho para recuperar a confiança dos portugueses”. Mas absteve-se de falar num dos temas da comissão política e que foi alvo de intervenções por parte de alguns centristas: a necessidade de coligação pré-eleitoral com o PSD.
Ao que o PÚBLICO apurou, Paulo Portas disse, no entanto, na reunião que decorreu à porta fechada, não ser este o momento para debater a questão. O líder do CDS não se quer comprometer neste momento com qualquer coligação pré-eleitoral, mas muitos centristas consideram que é inevitável no final da legislatura que os dois partidos assumem pretender concluir juntos.
A estabilidade governativa foi um dos sinais que tanto PSD e CDS deram na noite eleitoral de domingo, após a derrota que os dois partidos sofreram. Os sociais-democratas fazem durante esta tarde e à noite a análise dos resultados em reuniões da comissão política, com as distritais e do conselho nacional. Para já, o PSD tem-se mostrado mais disponível para uma coligação pré-eleitoral.
Ainda no período de declarações políticas, todas sobre os resultados das europeias, o PCP sublinhou a derrota histórica do PSD/CDS, mas também da "política de direita" também protagonizada pelo PS. Em jeito de conclusão, António Filipe resumiu o actual "ambiente político-mediático" como "curiosamente elucidativo": "O PS chora a vitória, o PSD e o CDS cantam derrota".