Cavaco Silva defende reindustrialização com o apoio da União Europeia

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Cavaco: “Quanto melhor for o nosso desempenho europeu, maior projecção teremos globalmente” Pedro Cunha

 

O Chefe de Estado afirmou que Portugal deve ser hoje “motivo de esperança”, apontando que o país “sempre foi maior quando se abriu ao Mundo, quando não teve medo da aventura e do risco”.

“Esta é a lição da História, o ensinamento que devemos assumir num tempo que será o que dele fizermos”, declarou Cavaco Silva, no encerramento de uma conferência que assinalou os 40 anos do semanário Expresso, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Na sua intervenção, o Presidente defendeu que a União Europeia “deve apoiar os Estados na reestruturação das suas economias”.

“Retomar os caminhos de reindustrialização, como agora é defendido por alguns Estados, entre os quais Portugal, é opção que deve ser encorajada”, sustentou.

Segundo o Presidente, “a União Europeia passou a ser, também ela, uma importante plataforma para o relacionamento de Portugal com o resto do Mundo”, considerando, contudo, que “a opção pela integração europeia e a aposta no reforço dos laços com outros estados não são opções alternativas nem muito menos conflituantes”, mas “são antes opções que convergem e interagem”.

“Quanto melhor for o nosso desempenho europeu, maior projecção teremos globalmente”, defendeu.

Para Cavaco Silva, o euro, que Portugal adoptou desde o seu lançamento, “representa a vanguarda da integração europeia”, considerando que “um eventual fracasso da zona euro teria consequências desastrosas para a Europa: designadamente, poria em causa o próprio mercado interno, faria recrudescer nacionalismos arcaicos e enfraqueceria o papel dos estados europeus na cena internacional”.

“A sustentabilidade do euro exige, sem dúvida, uma união económica e monetária capaz de responder aos desafios que tem pela frente. Mas as prioridades da agenda europeia não se esgotam no euro”, afirmou.

“O aprofundamento da União Orçamental e a construção de uma união bancária devem ir de par com o efectivo reforço do mercado único - com destaque, desde logo, para o sector energético - e com uma agenda claramente orientada para o crescimento económico e para a criação de emprego”, defendeu.

Numa intervenção em que detalhou o tema do seminário - “Portugal no Mundo” -, o Presidente da República destacou a “relação com os países lusófonos” e a importância da língua portuguesa, um dos idiomas “em maior expansão em todo o mundo”, e que “África é um aliado poderoso, tanto pelo peso que detém ao nível das organizações regionais, como pelo seu valor económico”.

A Ásia é outra região em que “a língua portuguesa se assume como um activo estratégico, como veículo de cultura, de ciência e de empreendedorismo”, onde existe “um interesse crescente” na aprendizagem do português, apontou Cavaco Silva.

“A excelência do relacionamento que lográmos alcançar em África constitui uma singular marca da confiança de que desfrutamos a nível global. Desde logo, na Ásia, que tão visivelmente se inscreve na agenda do futuro”, considerou.

“Se hoje podemos olhar para a Ásia como uma prioridade, é na nossa história que encontramos uma base sólida para desenvolver o potencial que uma parceria reforçada encerra”, disse Cavaco Silva numa intervenção em que lembrou a sua deslocação oficial àquela região do mundo, no ano passado.

O Presidente aludiu também à diplomacia portuguesa e à participação do país como membro não permanente no Conselho de Segurança da ONU, à “vocação atlantista” de Portugal, às relações com a América Latina, para além da “relação especial com o Brasil”, com os “vizinhos do Sul” do Mediterrâneo em processo de “transição” e deu particular relevo à Turquia, como “uma excelente oportunidade de acesso aos emergentes mercados da Ásia Central”.