Cavaco lembra que a China "espera que a outra parte não fique sentada à espera"

O Presidente da República terminou neste domingo em Macau a sua visita de Estado a China, manifestando-se "muito optimista" quanto aos resultados. Empresários de Macau pediram uma ligação aérea directa a Lisboa.

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Reuters/Kim Kyung-Hoon

Cavaco Silva deixou um recado: tudo fez para promover as relações sino-portuguesas nos domínios empresarial, académico e cientifico, mas um país da dimensão da China "espera que a outra parte não fique à espera que as coisas cheguem de mão beijada”.

Na última semana, Cavaco Silva viajou pela China, num périplo que o levou a Xangai, o maior centro financeiro da Ásia, e a Pequim, a capital politica onde foi recebido ao mais alto nível com honras militares de grande aparato pelo Presidente da República Xi Jinping, bem como pelo primeiro-ministro, Li Keqiang.<_o3a_p>

Antes de regressar a Lisboa, o Chefe de Estado aproveitou a sua estadia em Macau, a última etapa da visita á China, para dar uma conferência de imprensa, onde fez um balanço “muito positivo”: “Face ao apoio inequívoco à cooperação com Portugal em vários domínios [ensino da língua portuguesa, científico, académico e empresarial] que ouvi da parte do presidente da república e do primeiro-ministro da China, interrogo-me sobre tudo o que pode resultar daqui. E pode resultar muito, se formos capazes de dar seguimento a tudo o que foi feito.” Enumerou: “Foram assinados 29 acordos e memorandos de entendimento entre os dois governos, empresas e universidades. Penso que nunca houve, no passado, algo semelhante."<_o3a_p>

“Temos rapidamente de agarrar as portas que foram abertas, as manifestações de boa vontade que encontrámos a todos os níveis”, avisou. “Um país da dimensão da China espera que a outra parte se movimente, que não fique sentada na cadeira à espera que as coisas cheguem de mão beijada.” Há “um trabalho a fazer", acrescentou o Presidente, dizendo-se "convencido de que o Governo português não deixará de fazer todos os possíveis para aproveitar”,<_o3a_p>

O Presidente da República recorda que na sua estadia na China promoveu 18 encontros com entidades politicas, empresariais e académicas. E fez 15 intervenções públicas. “O balanço foi muito positivo", reiterou para salientar que encontrou grande abertura das autoridades chineses para aprofundar a cooperação bilateral, o que mostra “bem a relação especial que Portugal tem com a África e a América Latina.” Por isso, Cavaco Silva acredita que os contactos estabelecidos em Xangai e Pequim “vão dar certamente os seus frutos",  por tudo aquilo que ouviu directamente dos empresários - quer em termos de investimento quer em termos de relações comerciais. O chefe de Estado deixou um recado aos partidos: para garantir sucesso nesta iniciativa é necessário ter condições de “estabilidade política” e continuar a prestar atenção às relações com a China, uma prioridade da politica externa portuguesa que terá de ser protagonizada pelos governantes, mas também pelos empresários.<_o3a_p>

Como exemplo do entendimento sino-português Cavaco Silva referiu o desbloqueamento dos entraves à exportação de lacticínios portugueses para a China, havendo 32 empresas certificadas que podem começar a exportar. Outro dossier em vias de ser resolvido, pela comissão mista, prende-se com a venda de carne de suíno à China.<_o3a_p>

O Presidente da República lembrou que Portugal tem de crescer em três pilares: investimento; exportações; e turismo. Daí que a visita seja também uma oportunidade de diversificação de mercados, nomeadamente, de turistas [há 450 milhões de turistas que manifestam interesse em visitar Portugal, explicou]. Se em Pequim e Xangai, nos encontros empresariais e politicos, houve conversas no sentido de estabelecer uma linha aérea directa com Lisboa, o tema foi também abordado com as autoridades de Macau, para onde a TAP chegou a voar, mas acabou por desistir alegando falta de rentabilidade. Só que nos últimos anos esta região administrativa especial de "um país e dois sistemas" sofreu uma mudança vertiginosa, ao destronar, nos últimos anos, Las Vegas como a capital do jogo. Com 650 mil habitantes, Macau recebe todos os meses dois milhões de turistas, a maior parte chineses, e as receitas anuais do jogo totalizam cerca de 35 mil milhões de euros.<_o3a_p>

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