Cavaco avisa que salários baixos não são “solução” para a economia portuguesa

Presidente da República lembra que rescisões na função pública têm de ser "voluntárias".

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Cavaco Silva e Paulo Portas recebidos com manifestação à porta de uma fábrica em Lousado Adriano Miranda

Em Lousado, presente na inauguração das novas instalações da marca alemã Leica, Cavaco afirmou que “a precariedade e, por esta via, a manutenção de salários baixos não são solução para os problemas da economia portuguesa, sobretudo quando servem para colmatar insuficiências de liderança, lacunas organizativas ou falta de inovação”.

Mas o Presidente da República não relativizou o momento de dificuldade que o país enfrenta, quer ao nível do mercado interno, quer externo, defendendo, por isso, que a receita passa por apostar "na inovação, na criatividade, na penetração de novos mercados, na criação de marcas, no apoio aos clientes e na qualidade”. E deixou uma mensagem de esperança: “Mesmo com perspectivas tão difíceis como as que se nos colocam, quer no plano interno, quer no externo, estou confiante no potencial da economia portuguesa. Estou convencido de que o nosso país tem condições para ser bem-sucedido e que sairemos desta crise mais fortes e capazes de competir num mundo global".

Numa semana em que as declarações de Belmiro de Azevedo, presidente da Sonae (proprietária do PÚBLICO), que afirmou “se não for a mão-de-obra barata, não há emprego para ninguém", e em que o aumento do salário mínimo voltou a estar em cima da mesa na reunião da concertação social, o recado do chefe de Estado pode ter vários destinatários.

O Presidente ilustrou o seu argumento contra os salários baixos com a visita à fábrica que efectuou esta manhã, ao defender que “a maioria” dos trabalhadores mantém com a empresa "um vínculo de mais de um quarto de século, muitos deles desde a sua abertura. Num tempo em que a precariedade laboral se tornou uma prática corrente, saúdo a visão de líderes empresariais que elegem a longevidade do vínculo com os seus trabalhadores como uma das suas principais vantagens competitivas".

Acompanhado na visita pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, Cavaco Silva aproveitou também para lembrar que a adesão ao programa de rescisões na função pública tem de ser voluntária: "É importantíssimo que seja uma negociação amigável, rescisão voluntária, com as devidas compensações”. 

Em paralelo, sobre os números do desemprego avançados para 2013, Cavaco classificou-os como "dramáticos" e deixou uma receita alternativa de "crescimento económico e criação de emprego" face à previsão de um milhão de desempregados no final do ano. "Para resolver isso só temos as seguintes alavancas: investimento, turismo, exportações, queda menos drástica do consumo”, disse. 

Já sobre as manifestações que o aguardavam à chegada da fábrica e que exigiam a demissão de Governo, o Presidente optou por responder que respeita "todas as regras da democracia".

 

 

 

 

 

 
 

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