BPN: Dias Loureiro mentiu à comissão de inquérito, revela "Expresso"

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Confrontado pelo semanário, o ex-ministro da Administração Interna negou ter mentido quando disse desconhecer o Excellence Assets Fund Nuno Ferreira Santos/PÚBLICO

O ex-ministro Dias Loureiro disse no passado dia 27 de Janeiro à comissão de inquérito ao caso BPN, não saber da existência da Excellence Assets Fund, que permitiu uma compra ruinosa de duas empresas tecnológicas em Porto Rico, da qual resultou um prejuízo de 38 milhões de dólares. O semanário “Expresso”, garante, porém, na sua edição de hoje, que o Dias Loureiro assinou dois contratos onde esse fundo é parte.

“Ou seja, além de ter participado em todo o negócio”, como semanário já tinha divulgado na semana passada, Dias Loureiro “não disse a verdade ao Parlamento, o que é considerado grave, uma vez que as Comissões de Inquérito funcionam com a mesma dignidade que os inquéritos da Justiça”, avança a edição de hoje do “Expresso”.

Confrontado pelo semanário, o ex-ministro da Administração Interna negou ter mentido quando disse desconhecer o Excellence Assets Fund. "Disse aquilo de que me lembro", disse. "Toda a operação definitiva não fui eu que tratei. Estive envolvido na fase inicial. Quem terá depois tratado da compra foi Jorge Vieira Jordão, o mesmo que já havia dito à comissão", indicou ainda ao jornal.

Dias Loureiro sublinhou ainda, confrontado com as perguntas do "Expresso": "Não me lembro dos contratos, posso ter assinado, se vocês o dizem, mas não tenho memória. Foram dois actos isolados. Não tenho arquivo nenhum. Sei que assinei o memorando de entendimento no início do contrato e mais nada".

Quando questionado acerca do Excellence Assets Fund, na tarde do dia 27 de Janeiro, Dias Loureiro disse taxativamente: "Nunca ouvi falar nesse fundo". "E tem ideia de o BPN ou a Sociedade Lusa de Negócios (SLN) alguma vez terem adquirido este fundo?" - perguntaram ainda os deputados. "Não, não tenho", voltou a responder o ex-administrador da SLN, avança o "Expresso".

O semanário teve, porém, acesso a dois documentos com a assinatura do actual Conselheiro de Estado e nos quais fica provado que foi usado esse fundo para fazer a compra de duas empresas tecnológicas de Porto Rico, a Biometrics e a Nova Tech, que vieram a revelar-se duas "tecnológicas-fantasma" . "No início do negócio foi neste fundo que ficou estacionada a participação do BPN em Porto Rico e o fundo voltou a ser parte no contrato que encerrou o negócio em 2002", escreve o jornal.

"O contrato de promessa de compra de 2626 acções do Excellence (com sede nas Ilhas Caimão) por parte da SLN, foi assinado por Dias Loureiro e Oliveira Costa em 30 de Novembro de 2001. O encerramento foi assinado em 22 de Julho de 2002, deixando um prejuízo de 38 milhões de dólares no grupo BPN", pode ainda ler-se no semanário.

"Não cometi nenhuma ilegalidade. Esse é o meu sentimento profundo. Acreditava em quem me dizia que as coisas eram feitas daquela maneira", disse ainda.

Questionado pelo semanário se, face à documentação, sente alguma necessidade de ir prestar novos esclarecimentos ao Parlamento diz que não. "Não lhes menti em nada. Falei da estrutura do negócio e expliquei tudo. Nunca menti na comissão, disse aquilo de que me lembro".

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