Bloco queixa-se à CNE e a Cavaco sobre conferência do BCE em dia de eleições

O encontro sobre política monetária irá decorrer entre 25 e 27 de Maio, em Sintra, e para a noite das europeias o programa reservou lugar para Christine Lagarde.

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Daniel Rocha

A primeira intervenção, a cargo da directora do FMI sobre política monetária, Christine Lagarde, deve acontecer só depois de as urnas terem encerrado, já que está agendada para depois do jantar de boas-vindas presidido por Mario Draghi, presidente do BCE. No dia seguinte às europeias, Durão Barroso participará no debate ao lado do Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e o ex-governador do Banco de Portugal Vítor Constâncio também será chamado a contribuir.

Ainda assim, o líder do BE considerou que este fórum sobre bancos centrais é, no mínimo, “uma golpada eleitoral", já que "é estar no dia das eleições a fazer propaganda da troika sem que seja possível aos partidos políticos, nomeadamente aos partidos da oposição, fazer qualquer contraditório a essas políticas”.

O coordenador do BE, que falou na sede do partido em Lisboa, lembrou que a lei eleitoral proíbe mensagens de conteúdo político no dia anterior e no dia do sufrágio, pelo que confirmou que vai avançar com uma queixa à CNE e pedir ao Presidente da República que intervenha de modo a que o encontro seja adiado.

Já esta segunda-feira, Semedo dirigiu também uma pergunta formal ao primeiro-ministro, questionando o que pretende o Governo fazer para impedir a realização deste fórum.

“O BCE tinha à sua escolha 365 dias do ano e escolheu o dia 25 de Maio para começar essa cimeira. No dia em que a troika vai a votos, achamos inaceitável que a troika se instale de armas e bagagens em Lisboa. Consideramos uma intromissão na normalidade das eleições”, disse o líder bloquista. 

O repúdio do Bloco pela iniciativa foi ainda reforçado pela eurodeputada Marisa Matias, que enviou cartas ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e ao presidente do BCE, Mario Draghi, nas quais defende que as regras democráticas estão a ser violadas, exigindo o adiamento da conferência.

Nas hostes bloquistas, o desagrado com a iniciativa foi expresso também pelo ex-líder do BE, Francisco Louçã, na rede social Facebook. Em reacção à presença de Lagarde e Draghi no dia 25 em Portugal, o economista registou com ironia que “ninguém deve mais do que os portugueses” ao FMI. 

No seu post, Louçã lembrou que foram cobrados ao país “trinta mil milhões de euros em juros pela ajuda generosa, uma pechinchinha”. E enumerou os cortes nas pensões e as alterações ao mercado de trabalho como exemplo de que “Draghi e Lagarde merecem uma parada triunfal. Deviam descer a Avenida da República e a Fontes Pereira de Melo e a Liberdade num Rolls Royce descapotável, para poderem acenar à populaça agradecida”.
 

   

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